Título: Falta recurso e coordenação
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 29/11/2009, Economia, p. 39

A desertificação é um processo antigo, mas ele vem se intensificando, diagnostica o sociólogo brasileiro Heitor Matallo, da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Deser tificação (UNCCD, sigla em inglês), com sede em Bonn, na Alemanha.

O GLOBO: O senhor acredita que as causas da desertificação são as mesmas ou elas sofreram mudanças? MATALLO: A desertificação sempre esteve relacionada às regiões secas e as populações mais empobrecidas.

Só que a globalização criou novas relações econômicas e de mercado, o que acabou mudando o perfil da desertificação.

O desenvolvimento de novos mercados gerou uma pressão maior sobre o ecossistema.

É possível interromper este processo? MATALLO: Sim, só que isso requer investimentos para melhorias das técnicas de uso dos solos.

Os cálculos não são precisos, mas já se fala em investimentos de US$ 40 bilhões anuais.

O Brasil não tem deserto, ainda assim o processo aqui chama atenção.

Por quê? MATALLO: Porque o semiárido é uma das regiões mais populosas do mundo, numa região carente de água.

E como anda a luta de combate à desertificação no Brasil? MATALLO: O Programa de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca é de 2004.

O problema é que falta coordenação ministerial e os recursos para implementar as políticas públicas.

Quais as principais consequências da desertificação? MATALLO: Ela cria um deserto econômico e populacional, mas não um deserto ecológico. (L.M.)