Título: Light: apagão repercute mais no Leblon
Autor: Grandelle, Renato
Fonte: O Globo, 28/11/2009, Rio, p. 16

Para presidente da companhia, clientes do bairro são `naturalmente mais exigentes¿ do que moradores da Baixada

Antes de ser informado sobre a intenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de multar a Light, o presidente da empresa, José Luiz Alquéres, afirmou não acreditar que a concessionária teria de pagar multa por causa dos apagões ocorridos desde o início da semana. Segundo o empresário, a série de blecautes ganhou repercussão por ter atingido principalmente o Leblon.

¿ Doze mil clientes no Leblon repercutem muito mais do que 12 mil clientes na Baixada. Não é que eles (no Leblon) sejam mais ou menos importantes. Mas é que eles vivem numa área mais abafada, têm que dormir sem ar-condicionado, e são clientes naturalmente mais exigentes e com maior acesso à reclamação ¿ comparou, após participar de um evento com o prefeito Eduardo Paes, no Palácio da Cidade.

De acordo com Alquéres, a região atingida pelo blecaute no Leblon não ficava sem luz há seis anos. Ele não mencionou, porém, que, nesse mesmo período, outros pontos do bairro tiveram o serviço interrompido várias vezes.

Empresa concorda em negociar indenizações

O presidente da Light informou que, até anteontem, a empresa não havia recebido pedido de indenização por eventuais estragos causados pelos blecautes. Mas acrescentou que, se alguém procurar a empresa, o prejuízo será imediatamente negociado. A concessionária, assim, abandonaria uma prerrogativa legal que lhe dá 15 dias para investigar o que ocorreu.

¿ Entendo os consumidores, a reação de quem tem um parente doente, de quem sobe vários andares sem elevador. Espero mais compreensão da imprensa. Prestamos informações, mas não da forma de compreensão do público. Não houve divergência de versões, mas uma deficiência na forma de se comunicar, que eu, como presidente da empresa, assumo.

Alquéres reiterou que a concessionária está preparada para enfrentar o verão, embora admita a carência de técnicos qualificados no setor.

Mesmo negando agora a associação entre os incidentes com uma eventual sobrecarga do sistema, o presidente da Light ressaltou que a demanda pelos serviços da empresa aumentou pela primeira vez desde 1998. Segundo ele, em parte, esse crescimento se deve ao calor. Ele disse que a temperatura deste mês está, em média, quatro graus acima da registrada em novembro do ano passado. E que essa diferença representa um consumo adicional de 240 mil megawatts/hora.

¿ Nossa carga está 22% superior em relação a novembro de 2008. É algo que traz uma esperança para o Rio, porque denota a recuperação da economia e do consumo na cidade.