Título: Arruda nega acusações e afirma que permanecerá no partido até o fim
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 01/12/2009, O País, p. 4

Governador diz que denúncia serve a interesses políticos e empresariais

BRASÍLIA. Em sua primeira aparição pública desde que a Operação Caixa de Pandora foi deflagrada, o governador José Roberto Arruda (DEM) negou ontem sua participação no escândalo do mensalão no Distrito Federal, afirmou que permanecerá no partido ¿até o fim¿ e, sem abordar o mérito das acusações, tentou desqualificar as provas já recolhidas. Segundo ele, a denúncia serve a interesses políticos e empresariais contrariados, oriundos da ¿herança maldita¿ do governo anterior.

Arruda sustentou, sem apresentar qualquer comprovação, que contabilizou em sua prestação de contas eleitoral todos os recursos recebidos entre 2004 e 2006, inclusive os R$ 50 mil flagrados em vídeo. Porém, nos registros do Tribunal do Superior Eleitoral (TSE), não consta qualquer doação em nome de Durval Barbosa, recém-exonerado do cargo de secretário de Relações Institucionais do DF.

Nos autos de apreensões realizadas na operação da PF, constam quatro recibos em nome de Durval Barbosa, nos quais Arruda acusa recebimento de um total de R$ 90 mil ¿para pequenas lembranças e campanha de Natal¿, entre 2004 e 2007.

Sobre a gravação feita no dia 21 de outubro, no qual o governador discute ¿despesas mensais com políticos¿, Arruda alega que a situação foi armada e que ele, na realidade, teria rejeitado doações e sugerido que o apoio fosse encaminhado para deputados da base de apoio do governo, na forma da lei.

Defesa quer alegar que conversas foram deturpadas Arruda usou a porta da cozinha para entrar no salão verde da residência oficial e caminhou com ajuda de um andador até a mesa ¿ ele fez uma cirurgia recente na perna. Após falar por sete minutos e meio, evitou perguntas alegando que não conseguia ouvir. Questionado se pretendia deixar o partido, disse: ¿ Estamos firmes, isto vai até o fim.

Ele estava acompanhado de dois advogados, Flávio Cury e Eduardo Alckmin, que não falaram com a imprensa. Segundo Arruda, eles ainda estão analisando os autos. Porém, o governador antecipou que pretendem alegar que o teor e o sentido das conversas estariam deturpadas.

¿ A avaliação preliminar dos nossos advogados me alerta que os supostos defeitos ou aquecimento e resfriamento do aparelho de gravação, acabaram por truncar e comprometer o teor e o sentido da conversa ¿ disse Arruda.

Segundo ele, o diálogo foi ¿conduzido para passar uma versão previamente estudada¿.

Para Arruda, episódio é ¿herança maldita¿ O governador defendeu os deputados filmados recebendo dinheiro no gabinete de Durval ¿ pelo menos um já confessou se tratar de caixa dois. Porém, para Arruda, é necessária uma análise cuidadosa sobre as datas e responsabilidades.

Arruda resumiu todo o episódio à ¿herança maldita¿ do governo de seu antecessor, Joaquim Roriz, a quem Durval era ligado. Afirmou que o exaliado é réu em 32 processos na Justiça, por atos praticados em oito anos à frente da Codeplan, período no qual Arruda se aproximou dele e recebeu supostas doações sociais. Arruda não explicou por que vetou a permanência de Durval na Codeplan e ofereceu como única explicação para colocálo na Secretaria de Relações Institucionais o fato de não ter condenações judiciais