Título: Arruda ameaça, e DEM se divide sobre expulsão
Autor: Vasconcelos, Adriana; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 01/12/2009, O País, p. 5

Partido decide hoje futuro do governador, que, em encontro ontem, disse que vai revidar se houver "radicalização"

BRASÍLIA. Na tentativa de evitar sua expulsão sumária do DEM, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, partiu ontem para a ofensiva, com ameaças de que revidaria qualquer ação radical da legenda.

Ao receber sete dirigentes do DEM na residência oficial de Águas Claras, Arruda disse ser inocente e afirmou acreditar que ainda tem condições de disputar a reeleição. O tom de ameaça acabou dividindo o DEM, que decidirá hoje à tarde, em reunião da Executiva Nacional, o que fazer com seu único governador, acusado de comandar um esquema de corrupção no Distrito Federal, o já chamado mensalão do DEM.

Líderes no Senado e na Câmara pedirão expulsão Os líderes no Senado, José Agripino (RN), e na Câmara, Ronaldo Caiado, além do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), avisaram que vão votar, e até fazer campanha, pela sua expulsão sumária. Os demais presentes admitiram analisar a possibilidade de abertura de um processo disciplinar normal, que poderá postergar uma punição de Arruda por até 60 dias.

Arruda disse que não pretende se desfiliar da legenda muito menos renunciar ao mandato. Argumentou que isso seria uma antecipação de culpa e repetiu ter esperanças de conseguir a reeleição.

Quando os dirigentes do DEM já se despediam, ameaçou: ¿ Se houver radicalização, vou radicalizar também, lá na frente ¿ advertiu Arruda, de acordo com relato de parlamentares que estiveram em Águas Claras.

O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), negou que Arruda tenha feito qualquer tipo de ameaça.

Mas outros parlamentares disseram que foi claro seu recado a eventuais favorecidos de suas ações no governo do Distrito Federal.

Arruda teria iniciado ainda no fim de semana sua ofensiva para não ser expulso. Desde domingo fez chegar aos principais dirigentes que não aceitaria ser abandonado pelo partido, alertando que ajudou muito a legenda nacionalmente, inclusive com recursos de campanha. E que não iria cair sozinho.

Rodrigo Maia e os deputados Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) e Alberto Fraga (DEMDF) pediram moderação. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) chegou a sugerir a designação de uma comissão de alto nível para analisar o caso. Ontem à noite, Maia e Neto se reuniram com o ex-presidente do partido Jorge Bornhausen e o senador Marco Maciel (DEM-PE).

Cercados por manifestantes que foram para a porta da residência oficial, os dirigentes do DEM não pararam para falar com a imprensa. Entre os manifestantes estava um enfermeiro da rede pública de saúde, Ivan Rodrigues, com nariz de palhaço e um panetone nas mãos. Um grupo de estudantes gritava: ¿ Arruda na Papuda e PO no xilindró ¿ em referência ao vicegovernador Paulo Octávio, também acusado de envolvimento no esquema de corrupção