Título: Recebi o dinheiro e coloquei nas vestimentas
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 01/12/2009, O País, p. 9

Flagrado escondendo cédulas na meia, presidente da Câmara Legislativa do DF admite que doação não foi declarada

BRASÍLIA. O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado Leonardo Prudente (DEM), admitiu ontem que usou dinheiro do ¿ mensalão do DEM ¿ para financiar sua campanha a deputado distrital em 2006. Prudente, que aparece em vídeo colocando dinheiro até dentro das meias, disse que guardou nas ¿vestimentas¿ por questão de segurança.

Ele admitiu que não declarou à Justiça Eleitoral os recursos recebidos de Durval Barbosa ¿ então presidente da Codeplan e futuro secretário de Relações Institucionais do governador José Rober to Arruda (DEM) ¿, o que caracterizaria caixa dois. Eventual condenação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) levaria à perda do mantado. Só que, devido aos prazos de tramitação do processo, o julgamento final provavelmente só ocorrerá em 2011, ou seja, após o fim de seu mandato.

¿ Recebi o dinheiro e coloquei mesmo nas minhas vestimentas em função da minha segurança. Eu não uso pasta ¿ declarou Prudente, numa entrevista na Câmara Legislativa. ¿ A doação não foi contabilizada.

Deputado diz que não renunciará ao mandato A cena do deputado levantando as pernas para guardar maços de cédulas nas meias foi gravada em vídeo, em 2006, pelo então presidente da Codeplan ¿ estatal do GDF responsável pela área de informática ¿ no governo Joaquim Roriz, Durval Barbosa. Em 2007, já com Arruda eleito, Barbosa foi nomeado secretário de Relações Institucionais do DF.

Foi exonerado sexta-feira, após fazer denúncias contra Arruda.

Antes da entrevista, o presidente da Câmara Legislativa reuniu-se com quatro deputados da Mesa Diretora.

Ele ouviu de colegas que deveria afastar-se do cargo, mas anunciou que continuará à frente do Legislativo.

¿ Não há nenhum motivo para o afastamento, até porque a administração da Casa não está sendo questionada.

A Justiça Eleitoral é que vai dizer se é crime eleitoral ou não ¿ disse Prudente.

O presidente da Câmara Distrital anunciou que será aberta investigação interna contra os deputados citados no escândalo, inclusive ele.

Mas não explicou quem comandará a investigação.

O vice-presidente da Câmara, deputado Cabo Patrício (PT), defendeu a saída temporária de Prudente. Do contrário, segundo ele, a bancada do PT, com apenas quatro parlamentares, pedirá hoje seu afastamento. Ao todo, a oposição a Arruda soma apenas cinco dos 24 votos na Câmara.

A eventual votação de um pedido de impeachment do governador ou a cassação de um deputado requer 16 votos.

¿ As denúncias são muito graves. A Câmara tem que fazer o seu papel. A Justiça tem que agir e rapidamente.

Não pode deixar essa situação ¿ disse Cabo Patrício.

O deputado petista disse que o partido acionará também a Justiça Eleitoral, que poderia anular a diplomação de Arruda e do vice Paulo Octávio, assim como a de Prudente.

Nesse caso, o próprio Patrício assumiria o governo do DF.

Prudente afirmou que foi chantageado e que aceitou oferta de ajuda financeira de Durval para sua campanha eleitoral em 2006