Título: EUA buscam apoio para eleição
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 01/12/2009, O Mundo, p. 30
Washington reconhece resultado do pleito hondurenho e inicia ofensiva diplomática no continente
WASHINGTON. O secretário-adjunto para o Continente Americano do Departamento de Estado dos EUA, Arturo Valenzuela, afirmou ontem que o governo americano reconhece o resultado das eleições realizadas no domingo em Honduras, bem como o fato de que Porfirio ¿Pepe¿ Lobo, do Partido Nacional, é o novo governante eleito do país.
Mas afirmou que o resultado das eleições, somente, não é suficiente para trazer o país de volta à normalidade democrática ou permitir sua volta à Organização dos Estados Americanos (OEA) diante da gravidade do golpe de Estado ocorrido em junho.
Para que isso aconteça, disse ele, tanto o governo interino liderado por Roberto Micheletti quanto o presidente deposto Manuel Zelaya precisam montar um governo de coalizão antes da posse do novo presidente, em 27 de janeiro.
Além disso, o Congresso terá que votar amanhã o retorno de Zelaya ao poder e, mais importante que tudo, destacou, é preciso que seja montada uma Comissão da Verdade, que vai apurar a legalidade do golpe.
¿ Quero felicitar Pepe Lobo por sua ampla vitória, e a todos os candidatos. Apesar de as eleições terem ocorrido num ambiente de apreensão, o comparecimento do povo hondurenho às urnas mostra que o país vê as eleições como uma importante brecha para a volta à normalidade democrática ¿ disse Valenzuela. ¿ Mas quero destacar que as eleições são um passo adiante muito importante para Honduras, mas não é o último passo e não é um passo suficiente diante da gravidade do golpe de Estado.
Hillary passa fim de semana ligando para países da região A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e o próprio Valenzuela passaram o fim de semana fazendo ligações telefônicas para os ministros de Relações Exteriores da maioria dos países do continente, pedindo que os líderes trabalhem juntos para trazer a normalidade democrática de volta ao país, ou seja, que reconheçam as eleições, mas pressionem as duas partes para que implementem o acordo TegucigalpaSan José.
Os Estados Unidos ¿ principal parceiro comercial de Honduras e uma das maiores fontes de remessas em dólares de migrantes para o país ¿ veem as eleições como um processo independente do governo interino, já que elas foram convocadas ainda no governo de Manuel Zelaya.
Valenzuela ainda espera que Zelaya aceite acordo Arturo Valenzuela afirmou que conversou com Zelaya e ainda tem esperança de que ele aceite voltar ao governo, apesar de suas recentes declarações dizendo o contrário.
Diplomatas em Washington afirmaram que os EUA pediram aos países ¿ e à direção da OEA ¿ que evitem condenar as eleições antes da votação sobre a volta de Zelaya ao poder prevista para amanhã no Congresso hondurenho.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, evitou dar declarações sobre as eleições, e uma reunião da entidade sobre o assunto está marcada para sexta-feira, coincidentemente após a votação do Congresso hondurenho.
Num primeiro momento, a posição americana foi adotada por uns poucos países na região. A mais entusiástica demonstração de apoio à linha de raciocínio de Washington para a resolução da crise foi dada pelo governo da Colômbia.
¿ A Colômbia reconhece o novo governo. Ocorreu um processo democrático em Honduras de alta participação, sem fraude, sem objeções, e confiamos que o novo governo realize todos os esforços para superar definitivamente a situação difícil que se apresentou no país ¿ afirmou ontem o presidente colombiano, Álvaro Uribe.
Outros países que estão tendendo para a adoção de uma postura semelhante à dos EUA são Peru, Costa Rica e Panamá