Título: Desemprego em alta
Autor: Flores, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 28/05/2009, Economia, p. 22

Com mais pessoas à procura de uma vaga no mercado, taxa de desocupação salta para 17,5% da População Economicamente Ativa. Athos de Castro Melo, dispensado em abril, fará bicos até conseguir outro emprego formal Em abril, mais pessoas passaram a procurar uma vaga no mercado de trabalho no Distrito Federal, o que elevou a taxa de desemprego. Ao todo, 11 mil trabalhadores que não estavam em busca de ocupação até março começaram a distribuir currículos. O contingente de desempregados saltou de 234 mil para 239 mil, e a taxa de desemprego subiu de 17,2% da População Economicamente Ativa (PEA) para 17,5% ¿ a maior desde abril do ano passado. Apesar disso, após três meses de retração, o mercado local deu mostras de reação. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Secretaria de Trabalho do DF, em abril foram criadas 5 mil vagas.

A deterioração nos primeiros meses do ano é tradicional e a expectativa é que a partir de maio a ocupação aumente, explica o economista do Dieese Tiago Oliveira. ¿A desaceleração do emprego no DF no começo do ano se deu mais por fatores sazonais do que pela crise econômica. A tendência é que a gente tenha taxas de desemprego estáveis ou menores daqui para frente.¿ Mas os impactos da desaceleração econômica no país e no mundo são sentidos em alguns segmentos produtivos.

No salão de beleza em que o morador de Sobradinho Athos de Castro Melo, de 23 anos, trabalhava, no Lago Norte, os três assistentes de cabeleireiros foram demitidos ao longo do ano. O último foi ele, dispensado em abril, após três anos e meio na função. ¿O movimento no salão estava muito fraco, por isso houve o corte de despesas. Acho que consigo me virar com bicos até conseguir outro emprego formal, mas até bico está difícil¿, conta.

Desde o início do ano, 23 mil pessoas perderam seus empregos no DF. O Dieese constatou redução em todos os segmentos produtivos pesquisados. O que mais demitiu foi a indústria de transformação, o quadro de funcionários encolheu 10,2% e possui atualmente 44 mil trabalhadores. O setor definido como outros ¿ inclui agropecuária, embaixadas, consulados e representações políticas ¿ desligou 8,3% de seus contratados. A construção civil está com um contingente 3,6% mais enxuto do que no fim de dezembro e o número de comerciários ativos caiu 1,7%. Maiores empregadores da cidade, a administração pública e o setor de serviços foram os que menos demitiram ¿ a redução foi de 1,6% e 1,4%, respectivamente. Em abril 185 mil pessoas trabalhavam no governo e 561 mil nas empresas de prestação de serviços.

Além do aumento do desemprego, a renda do brasiliense também deteriorou em 2009. No acumulado do ano a renda de cada ocupado encolheu 2,6%. O rendimento médio verificado pelo Dieese foi de R$ 1.030, o mais baixo desde outubro do ano passado. Athos espera uma redução da sua renda, conta. No antigo emprego ele ganhava o equivalente a R$ 1mil.

Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo Dieese a taxa de desemprego média passou de 15,1% para 15,3%. Somente em abril 69 mil pessoas passaram à condição de desemprego. O número de desempregados atingiu 3,079 milhões de moradores do DF e das regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.