Título: Coaf já investigava alvos da Caixa de Pandora
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 02/12/2009, O País, p. 10

Dez envolvidos na operação contra distribuição de propina no DF são suspeitos de lavagem de dinheiro desde 2004

BRASÍLIA. Dez dos 18 envolvidos na Operação Caixa de Pandora eram investigados por movimentações de dinheiro consideradas suspeitas desde junho de 2004. Os nomes dessas pessoas físicas e jurídicas constam de 24 relatórios de inteligência financeira enviados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público do Distrito Federal. Alguns já teriam sido mencionados em documentos de operações anteriores, como a Candango, a Aquarela e a Megabyte.

O Coaf, que combate a lavagem de dinheiro, deve analisar as informações de todos os outros nomes envolvidos nas investigações, incluindo os que ainda não saíram na imprensa.

Também vai procurar ligações das pessoas cujos nomes já foram analisados com os de parentes, conhecidos, além de outros com quem tenham realizado operações bancárias como ordens de pagamento, cheques ou transações imobiliárias.

Para isso, serão cruzados dados de movimentação financeira, além dos cadastros de INSS, Renavam, Documento de Operações Imobiliárias e dados públicos disponíveis na internet. O primeiro relatório do Coaf foi enviado às autoridades em 7 de junho de 2004.

O fato de esses nomes estarem sob análise no Coaf não significa que os investigados tenham cometido atos ilícitos. No entanto, seus nomes foram identificados pelos sistemas por causa de informações consideradas fora do normal. Saques em espécie de valores superiores a R$ 100 mil estão na lista de operações que despertam a curiosidade do Coaf, assim como saques de valores abaixo do limite (em geral, realizados para esconder as irregularidades).

A inteligência da Polícia Federal deve mandar ao Coaf a relação completa com todos os nomes dos envolvidos nas investigações, para que o órgão inicie a análise. Os nomes não podem ser revelados por causa do sigilo bancário. O Coaf só realiza as investigações iniciais, que serão concluídas pela polícia e pelos promotores.

Na última sexta-feira, durante a operação Caixa de Pandora, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 24 endereços: 21 no Distrito Federal, um em Goiânia e dois em Belo Horizonte.

O STJ autorizou a operação no local de trabalho ou sede de 16 pessoas físicas e jurídicas.

Os agentes vasculharam ainda a residência oficial do governador José Roberto Arruda, de onde retiraram documentos no escritório do chefe de gabinete, Fábio Simão. Os gabinetes de José Geraldo Maciel, chefe da Casa Civil, e José Luiz Valente, secretário de Educação, foram averiguados.

Os agentes também estiveram nos gabinetes e nas casas dos deputados distritais Eurides Brito (PMDB), Leonardo Prudente (DEM), Rogério Ulysses (PSB) e Pedro do Ovo (PRP). Segundo o inquérito da PF, cerca de R$ 600 mil em propina seriam distribuídos a políticos aliados