Título: Ministério Público faz nova denúncia contra construtora Camargo Corrêa
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Fonte: O Globo, 02/12/2009, O País, p. 12

Partidos, parlamentares e servidores teriam recebido propina

SÃO PAULO. Partidos políticos, agentes públicos, parlamentares e chefes de estatais teriam recebido propinas que somam pelo menos R$ 4 milhões em três obras públicas da construtora Camargo Corrêa, segundo nova denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público Federal, que atua na Operação Castelo de Areia. Entre os partidos, PT e PMDB teriam recebido R$ 260 mil e R$ 130 mil, respectivamente, por obras de hospitais no Pará, segundo as investigações. O dinheiro era transferido para contas bancárias em nome de offshores nos Estados Unidos, Andorra, Suíça e Taiwan.

A nova denúncia, apresentada na sexta-feira, acusa os diretores da construtora Pietro Francesco Giavina Bianchi, Darcio Brunato e Fernando Dias Gomes de lavagem de dinheiro, oriundo de corrupção passiva e ativa, e evasão de divisas. O doleiro Kurt Paul Pickel foi denunciado pela prática de câmbio ilegal e evasão de divisas. Todos são acusados do crime de quadrilha para o delito de evasão de divisas.

De acordo com o MPF, em três obras públicas que a construtora venceu a licitação, os diretores teriam pago propinas.

Segundo a denúncia, as informações dessas contas foram retiradas de dois pen drives e pastas em poder de Bianchi e apreendidos pela Polícia Federal. Documentos apreendidos na casa de Kurt Pickel confirmam que era ele o responsável por fazer chegar o dinheiro a contas no exterior indicadas pelos executivos.

¿(Pickel) possuía senha para acessar os extratos e realizar sua movimentação online em favor dos diretores da Camargo Corrêa¿, assinalou, na denúncia, a procuradora Karen Louise Jeanette Kahn.

A procuradora informou, por meio de sua assessoria, que ainda não é possível identificar quem foram os beneficiários diretos pelas quantias.

No caso do PT e do PMDB, as siglas aparecem na documentação, com os valores descritos, apreendida pela PF.

O advogado da empreiteira, Celso Villarde, não retornou aos pedidos de entrevista. Pickel e Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT, não foram localizados.

O PMDB nacional informou que não conhece a denúncia e por isso não ia se pronunciar