Título: Expectativa de vida no país sobe para 72,8 anos
Autor: Passos, José Meirelles; Paula, Nice de
Fonte: O Globo, 02/12/2009, O País, p. 13

Dados do IBGE mostram que 288 pessoas morrem de forma violenta todos os dias, e que mulheres vivem mais

Num período de apenas uma década (1998 a 2008), os brasileiros ganharam mais três anos, dois meses e 12 dias de vida. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que a esperança de vida no país saltou de 69,6 anos para 72,8 anos. O ganho foi de três meses de vida entre 2007 e 2008. Em 1970, a expectativa de vida do brasileiro era de 57 anos.

A pesquisa mostrou que as mulheres continuam vivendo mais. Elas agora chegam a 76,7 anos; os homens vivem, em média, até 69,1 anos.

O levantamento mostrou ainda a queda do índice de mortalidade infantil: 30% entre 1998 e 2008. Dados mais abrangentes, comparando os índices de 1970 com os de 2008, mostraram uma diminuição de 100 para 23 óbitos por mil nascidos vivos.

Argentina e Cuba têm índices de vida maiores Os pesquisadores constataram um índice deprimente relativo a mortes causadas por violência (homicídios e acidentes de trânsito): ela é responsável por 288 óbitos diários (241 deles são de homens). Nos últimos dez anos, o número de mortes violentas na faixa de 15 a 39 anos foi quase tão grande (676.316) quanto o de faleciment os por causas naturais (763.821). Quase a metade dessas pessoas (306.019) tinha entre 15 a 24 anos.

¿ O ponto mais importante é que continuamos aumentando a nossa longevidade. Mas, ao mesmo tempo, vemos que a população está padecendo de enfermidade crônica: a violência. É lamentável que morram tantas pessoas em idade produtiva ¿ disse Juarez de Castro Oliveira, gerente de estudos e análises da dinâmica demográfica do IBGE.

Apesar do aumento da esperança de vida dos brasileiros, o índice ainda é baixo em comparação ao de países ricos. No Japão, por exemplo, ela é de 82,2 anos. Na América Latina, o Brasil continua em desvantagem: Na Argentina, a média é de 75,2 anos.

¿ Há também uma certa disparidade quando comparamos os índices dos estados brasileiros ¿ disse Oliveira, ao divulgar a pesquisa ontem de manhã.

De fato, a expectativa de quem vive em Alagoas hoje é de 67,1 anos e a de quem reside em Brasília é de 75,5 anos. O índice de São Paulo (74,5 anos) é pouco maior que o do Rio (73,3 anos).

Aposentadoria: benefício mensal tem perda de 0,41% A boa notícia do aumento da expectativa de vida do brasileiro vem acompanhada de uma má notícia para quem está pensando em se aposentar: vida mais longa implica valor de aposentadoria mais curto. A relação entre os dois fatores existe no país desde 1999, quando foi criado o fator previdenciário, fórmula matemática que relaciona o valor do benefício do INSS, tempo de contribuição, idade e esperança de vida na hora de se aposentar.

Segundo o IBGE, do ano passado para cá, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer aumentou 109 dias, passando de 76,6 para 76,9 anos. Já aos 55 anos, idade comum de aposentadoria, o aumento foi de apenas 36 dias, com a esperança de vida subindo de 24,8 anos para 24,9 anos.

Essa diferença fez o fator previdenciário de um homem que se aposente aos 55 anos e 35 de contribuição passar de 0,726 para 0,723, segundo a tabela divulgada pelo Ministério da Previdência.

Considerando que esse homem tenha contribuído sobre uma base de R$ 2,5 mil, o valor a ser recebido passou de R$ 1,815 para aposentadorias pedidas até dia 30, para R$ 1.807,50 no caso de requerimentos feitos a partir de ontem, quando a nova tábua de expectativa de vida entrou em vigor ¿ uma perda de 0,41% no benefício mensal