Título: BB: lançamento de papéis no exterior hoje é termômetro para nova oferta
Autor: Duarte, Patrícia; Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 02/12/2009, Economia, p. 24

Estatal planeja capitalização na Bolsa e investe na melhora do atendimento em agências

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O Banco do Brasil (BB) lança hoje seu programa de American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações negociadas na Bolsa de Nova York), que está sendo encarado como o grande termômetro para os próximos passos da maior instituição financeira do país, que podem incluir uma nova capitalização. O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da estatal, Ivan Monteiro, explicou que o foco hoje são os investidores institucionais americanos, de grande porte, e que não podiam aplicar nos papéis do banco negociados no Brasil. As ADRs, neste caso, resolvem o problema.

¿ As ADRs cobrem uma deficiência que tínhamos sobre os nossos concorrentes (como Itaú Unibanco e Bradesco, que já possuem ADRs), e que aumenta a liquidez das ações. Estamos debutando amanhã (hoje) ¿ afirmou ao GLOBO Monteiro, que ontem participou de vários encontros com investidores em Nova York e Boston.

Na prática, o investidor precisa comprar uma ação da companhia na bolsa de origem ¿ no caso do Brasil, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ¿ para transformá-la em ADR e negociá-la na Bolsa de Nova York.

Para a estatal, é fundamental o interesse de estrangeiros porque, neste momento, avalia a oferta de ações tanto primárias (de novas ações) quanto secundárias ¿ neste caso, vender ao mercado os papéis que estão em poder da União, mas sem abrir mão do controle estatal.

Pressionado pelo acirramento da concorrência, o BB aprovou um programa para tentar melhorar a qualidade de atendimento em suas agências, ponto fraco identificado em pesquisas com clientes feitas desde meados deste ano. A nova estratégia passa por mais contratações e investimentos em tecnologia no segmento de varejo.

Banco convocará 1,5 mil aprovados em concursos O Estado de São Paulo foi escolhido como mercado-piloto para o projeto, que numa primeira fase também chegará aos demais Estados da Região Sudeste e, então, levado a todas as agências do país.

¿ O que as pesquisas mostraram é que parte da nossa clientela não percebe qualidade nos serviços oferecidos.

Precisamos fazer uma séria melhoria ¿ afirmou Dan Conrado, nomeado para a recémcriada diretoria de Distribuição do BB em São Paulo.

Com a compra e incorporação da Nossa Caixa, o BB passou a ter 1.334 agências em São Paulo, à frente de Itaú Unibanco e Bradesco.

Para 2010, a previsão é abrir mais 83 pontos de atendimento (sendo 22 deles na capital paulista). Só o Estado deve receber investimentos de R$ 800 milhões, com a meta de elevar de 25% para 35% a fatia de São Paulo nos resultados gerais da instituição nos próximos cinco anos.

Com a Nossa Caixa, o BB passou a ter mais de 31 mil funcionários em São Paulo. Para 2010, está prevista a contratação de outros 1,5 mil já aprovados em concursos. Comprada pelo BB em novembro de 2008, a instituição já ampliou seu portfólio de produtos e expandiu suas operações de financiamento ¿ aproveitando o recuo dos bancos privados depois da eclosão da crise financeira. Até outubro, a carteira total de crédito da Nossa Caixa atingiu R$ 20,2 bilhões, com aumento de 46% no ano. A previsão é fechar dezembro com alta de até 70%