Título: Arruda se defende, mas cai em contradições e não esclarece fatos
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 03/12/2009, O País, p. 4

Governador ataca Durval e diz que recusou dinheiro para reeleição

BRASÍLIA. Em entrevista aos jornais ¿Correio Braziliense¿ e ¿Folha de S.Paulo¿e, publicadas ontem, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), não esclareceu vários fatos que aparecem nas gravações em poder da Polícia Federal sobre suposta distribuição de propina em sua gestão. Arruda negou as acusações sobre o mensalão de seu governo e acusou o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) de estar por trás da trama. Quando confrontado com os diálogos nos quais ele próprio pergunta sobre despesas com políticos, ou se seu exsecretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, o responsável pela denúncia, já havia retirado sua parte, Arruda alega apenas que a fita tem falhas.

O governador diz que as imagens de deputados distritais recebendo dinheiro foram gravadas antes de ele tomar posse e, portanto, são referentes a um esquema de propina de Roriz. Mas não explica por que, em algumas cenas, aparece ao fundo sua foto oficial pendurada na parede de um gabinete. Ao ser confrontado com o fato, Arruda diz que Durval queria vender a empresários um poder que não tinha e obter vantagens pessoais.

Sobre a imagem na qual aparece recebendo dinheiro das mãos de Durval, o governador voltou a afirmar que os recursos foram utilizados para compra de panetones. Justificou que os recibos foram entregues este ano ao Tribunal Regional Eleitoral.

Ele também disse que, no diálogo que manteve com Durval, sobre recursos da ordem de R$ 1 milhão, seu ex-secretário teria oferecido o dinheiro para sua campanha à reeleição, mas ele teria recusado. Em vez disso, teria orientado Durval a distribuir os recursos para aliados ¿ apesar de a captação de recursos para campanha só ser permitida a partir de julho de 2010.

Arruda demonstrou ter ensaiado as respostas com os advogados.

Nos dois jornais, chega a usar as mesmas expressões.

Quando fala sobre o encontro de 21 de outubro com Durval, na qual teria conversado sobre R$ 1 milhão, Arruda repete, em frases quase idênticas: ¿Eu disse que a minha campanha só seria no próximo ano, que não era hora ainda de buscar recursos, mas sugeri que ele ajudasse então aliados¿.

Para Arruda, Roriz é o mentor das denúncias. Ele insiste que afastou Durval da Codeplan e que reduziu em R$ 300 milhões o gasto com informática.

Mas não consegue explicar por que uma construtora, a JC Gontijo, aparece nas gravações como integrante do esquema.

O governador diz, nas entrevistas, que o denunciante responde a 32 processos e argumenta que o manteve em seu governo, apesar desse currículo, porque reconhecia o trabalho feito na sua campanha de 2006.

Arruda elogiou a declaração do presidente Lula, que o defendeu: ¿Ele é ser humano. Não à toa que gosto dele. É um homem de bem. Enquanto grandes companheiros meus se calaram, ele diz que é preciso contextualizar, porque o sujeito vê a imagem e diz que foi ontem¿