Título: Gilmar: denúncias são graves, e forma Ade financiar campanhas é sério problema
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 03/12/2009, O País, p. 10

Para presidente do STF, caixas pré-eleitorais ilegais são parte da cultura política

BRASÍLIA. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, disse ontem que as acusações sobre o esquema de pagamento de propina a aliados envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), são ¿extremamente graves e preocupantes¿. Gilmar avaliou que o atual sistema de financiamento de campanhas é um ¿sério problema¿ e que ilegalidades cometidas nos caixas pré-eleitorais são parte da cultura política. Ele disse, porém, não acreditar que políticos cometam irregularidades por acreditarem na impunidade.

¿ Ninguém pode achar que há um quadro de impunidade que estimula esse tipo de prática.

Ao revés, talvez seja algo que esteja muito disseminado na cultura política, por isso tão difícil de ser superado ¿ disse, lembrando que outros modelos, como o de financiamento público vêm sendo discutidos para coibir as irregularidades que acontecem.

¿Os fatos são extremamente graves, preocupantes¿ Gilmar afirmou estar confiante de que a Polícia Federal e o Ministério Público tomarão as medidas adequadas com relação às acusações contra Arruda, diversos de seus secretários e membros do Legislativo do Distrito Federal. O ministro lembrou que o tema está sendo acompanhado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e que é preciso esperar a conclusão das investigações.

¿ Tenho acompanhado o que tem saído na mídia e, sem dúvida, os fatos são extremamente graves, extremamente preocupantes. Vamos aguardar as investigações, mas os fatos são extremamente sérios¿ observou.

Sobre a eventual participação de três desembargadores do Tribunal de Justiça do DF no caso, Gilmar foi cauteloso.

Disse não ter conhecimento de que tenha havido envolvimento dos magistrados e que o melhor é esperar as informações do próprio tribunal.

¿ Por enquanto o que se tem é que eles foram mencionados em conversas de terceiros.

É cedo para emitir algum juízo sobre isso. Vamos aguardar as informações ¿ afirmou.

Na terça-feira, a Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu um procedimento para investigar a participação dos desembargadores Getúlio Pinheiro Sousa, Romeu Gonzaga Neiva e José Cruz Macedo do TJ do Distrito Federal no chamado mensalão do DEM, no governo Arruda. Os três foram citados em gravações da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que identificou o esquema. Eles terão de prestar esclarecimentos nos próximos 15 dias