Título: Manifestantes invadem e depredam Câmara
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 03/12/2009, O País, p. 10

Estudantes e sindicalistas pedem impeachment de Arruda e decidem dormir na sede do Legislativo do DF

BRASÍLIA. Manifestantes que pedem o impeachment do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), invadiram ontem o plenário da Câmara Legislativa. Carregando um caixão, cerca de 150 estudantes, sindicalistas e dirigentes de partidos de oposição forçaram a entrada, passaram pelos seguranças e tomaram conta do plenário, onde não havia deputados.

A ocupação ocorreu às 15h.

No tumulto, um segurança ficou ferido e foi levado de ambulância.

Uma das portas de vidro do prédio foi quebrada e o detector de metais, jogado ao chão. Funcionários da Casa correram para recolher computadores, impressoras e microfones. Do lado de fora, dezenas de pessoas protestavam com um carro de som.

Após três horas e meia de negociação, o grupo deixou o plenário para que os seis deputados oposicionistas ¿ de um total de 24 ¿ abrissem a sessão e lessem os seis pedidos de impeachment de Arruda. Às 19h30m, cerca de 90 estudantes reocuparam o plenário e arrombaram a porta. Dessa vez, sem resistência da segurança. O grupo pretendia dormir no local.

Os manifestantes concluíram que, sem pressão, a Câmara Legislativa não punirá ninguém.

Dos 24 deputados, oito titulares e dois suplentes são citados no inquérito do mensalão do DEM. Um eventual impeachment requer 16 votos.

¿ A gente não tem muita ilusão.

Quem vai tirar mesmo é o povo na rua, como foi na reitoria ¿ disse o coordenador-geral do diretório central de estudantes da UnB, Rafael Barroso, fazendo referência à ocupação que fez renunciar o então reitor Timothy Mulholland.

O presidente interino da Casa, Cabo Patrício (PT), criticou a invasão.

Ele assumiu o cargo ontem, no lugar do presidente Leonardo Prudente (DEM), flagrado em gravações guardando dinheiro nas meias. Em nota, Patrício informou que a Polícia Legislativa abrirá inquérito para apurar responsabilidades e cobrar o ressarcimento de prejuízos.

A abertura da CPI foi acordada anteontem por 22 dos 24 deputados, mas há receio de que os governistas impeçam a investigação.

Patrício disse que a CPI só será instalada quando os 22 deputados assinarem o requerimento.

Para isso, disse, o plenário não pode estar ocupado