Título: Câmara aprova capitalização de 6 bi para CEF
Autor: Jungblut, Cristiane; Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 03/12/2009, Economia, p. 32

Texto embute benefícios de crédito-prêmio de IPI para empresários. Banco do Brasil lança ADRs em Nova York

BRASÍLIA, NOVA YORK, BERLIM e RIO. A Câmara aprovou ontem um novo texto para a medida provisória (MP) 470, que trata da capitalização da Caixa Econômica Federal (CEF). Além do aporte de R$ 6 bilhões para a CEF, o substitutivo apresentado pelo líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), prevê R$ 1 bilhão para o Banco do Nordeste, também a título de capitalização.

A nova redação beneficia ainda os empresários exportadores que têm dívidas referentes ao chamado créditoprêmio do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A MP será analisada pelo Senado.

Foram ampliadas as condições para o parcelamento das dívidas referentes ao crédito-prêmio do IPI até 30 de novembro de 2009. Além disso, o texto permite que os créditos com decisão judicial final até outubro de 1990 sejam ressarcidos em espécie pela Receita. Segundo líderes governistas, o presidente Lula deverá vetar pontos considerados excessivos.

O Banco do Brasil (BB) começou ontem a operar na Bolsa de Nova York com o lançamento de American Depositary Receipts (ADRs, recibos de ações brasileiras), tendo como parceiro e depositário nas transações o BNY Mellon. O objetivo é aumentar sua visibilidade internacional.

Hoje, cerca de 11% das ações do BB já estão nas mãos de investidores, e espera-se que, a curto prazo, entre 0,5% e 1% desse total passe a circular nos EUA. Segundo o vice-presidente de Finanças, Ivan Monteiro, o lançamento desses papéis atende a duas demandas dos investidores estrangeiros: ¿ Os estrangeiros não querem ficar restritos aos horários de funcionamento da Bolsa brasileira ou a questões de taxas de câmbio. Daí a expectativa de atrair mais interessados.

Segundo o vice-presidente de Comércio Internacional, Alan Simões, estuda-se inclusive a aquisição de algum banco europeu que planeje deixar os EUA em função da crise.

A fixação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% sobre recursos estrangeiros no Brasil, para conter a valorização do real frente ao dólar, fez a participação de estrangeiros sobre o volume total de negociação da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) cair. A fatia ficou em 29,5% em novembro, contra 33,7% em outubro.

Foi o menor percentual desde dezembro de 2004, quando estava em 27%. Para especialistas, a taxação foi potencializada pela turbulência nos mercados internacionais.

¿ Houve uma realização (venda de ações) nos mercados externos desde a segunda quinzena de outubro, que provocou aumento da volatilidade e se somou à questão do IOF ¿ observa o gestor do Modal Asset, Alexandre Póvoa.

Para ele, 29% podem ser considerados ¿uma bela participação¿ e poderão até cair na medida em que os juros mais baixos levarem mais investidores domésticos para o mercado de ações. Hoje, sua parcela no volume total negociado na Bolsa gira em torno de 30%.

Na média do mês, o saldo de compras e vendas dos investidores estrangeiros foi positivo em R$ 932,7 milhões, mas recuou 18,52% em relação a outubro. O volume médio diário de negociação no mês caiu 11,9%, para R$ 6,473 bilhões.

Ontem, a alta de 2,2% da produção industrial em outubro fez o Ibovespa ficar positivo todo o dia, fechando em alta de 0,30%, acima dos 68 mil pontos.

Na máxima, passou dos 69 mil pontos, o que não ocorria desde junho de 2008. Já o dólar recuou 0,06%, para R$ 1,722.

O ministro da fazenda, Guido Mantega, afirmou que a era do dólar fraco vai acabar em 2010.

Em Berlim, acompanhando o presidente Lula, Mantega disse que os países do G-20 estão trabalhando intensamente para resolver o problema do câmbio.

¿ O dólar vai voltar a se valorizar. Eles (os EUA) vão ter de subir a taxa de juros, que está muito baixa. Há uma pressão forte para que o dólar volte a se valorizar. Quando isso acontecer, no próximo ano, a tendência é que haja um novo equilíbrio, que o real seja desvalorizado