Título: Azeredo diz que a ação no STF vai servir para provar sua correção
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 04/12/2009, O País, p. 4

Senador volta a afirmar que "nunca houve mensalão em Minas Gerais"

CORRUPÇÃO DOCUMENTADA: `Dá margem para uma política de vala comum¿

BRASÍLIA. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse ontem que a ação aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele será uma oportunidade de provar sua "correção" como agente público e voltou a negar a existência do chamado mensalão mineiro. Em nota, destacou que o resultado foi apertado, 5 votos a 3, e ressaltou os votos a seu favor do ministro José Antonio Toffoli e do presidente do STF, Gilmar Mendes.

"Conforme os ministros apontaram, trata-se do início de um processo, não configurando condenação. A diferença foi de apenas dois votos, além da ausência de outros três ministros.

E como afirmaram Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Eros Grau, a denúncia não apresentou provas que justificassem a abertura desta ação", disse Azeredo, em nota. Nos bastidores, outros tucanos também receberam bem o posicionamento de Toffoli, que foi contra a abertura de processo, e se surpreenderam com a decisão do STF.

Na nota, Azeredo repetiu que ¿nunca houve mensalão em Minas Gerais¿. Argumentou que as questões financeiras envolvendo a campanha de 1998 não foram de sua responsabilidade.

Para ele, "é lastimável que a investigação e a denúncia tenham se baseado em falsa documentação, fabricada por um lobista que responde a diversos processos, inclusive, por falsificação de documentos".

O ex-governador de Minas Gerais disse que, ao longo do processo, reapresentará sua defesa, confiando no trabalho isento e técnico dos ministros da Corte.

A decisão do STF surpreendeu parlamentares, inclusive do PSDB. Parlamentares de diferentes partidos repetem o discurso de que decisões do Supremo não devem ser contestadas, mas admitem desgaste dos partidos.

Integrante do PT, pivô do mensalão em 2005, o líder do partido na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (SP), disse que a abertura de processo não significa condenação e que os partidos deverão discutir nas eleições de 2010 a questão da ética sem pirotecnia. Depois do PT, surgiram denúncias de mensalão e caixa dois envolvendo o PSDB de Minas Gerais (mas que ocorreu em 1998) e, agora, o DEM de Brasília.

¿ Decisão do Supremo não se discute. Agora, processo não é condenação. É um mecanismo de investigação, que é seguido de um julgamento. Para mim, a Justiça tem que ser cega, ou seja, ver o que está no processo.

Não reconheço que o PT teve mensalão, até teve caixa dois, um erro político. A oposição usou isso na eleição passada, com o Geraldo Alckmin, e se deu mal. Quem fizer vai se dar mal.

Temos que discutir a questão da ética sem pirotecnia ¿ disse Vaccarezza.

Já o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), foi surpreendido com a decisão.

E disse que Azeredo é uma pessoa de confiança.

¿ Decisão do Supremo é decisão do Supremo. Fazer o quê? O Azeredo é pessoa que merece confiança, fé pública, é um político com integridade. Mas teve esse episódio ¿ disse Aníbal.

Perguntado se a decisão não iguala os partidos em termos de escândalos, lamentou: ¿ De fato, dá margem para uma política de vala comum.