Título: Munição para aliados
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 29/05/2009, Política, p. 2

O Palácio do Planalto começou a municiar os integrantes da base aliada no Senado com informações para rebater os adversários na CPI da Petrobras. Trata-se de um roteiro com argumentos sobre cada uma das linhas de investigações descritas no requerimento que criou a comissão. Embora recheado de termos técnicos, o documento procura de forma direta dar a versão do governo para cada um dos questionamentos feitos pela oposição. Há, inclusive, trechos em negrito no papel, que deverão estar na ponta da língua dos governistas a partir da próxima semana, quando a CPI deve começar a funcionar.

¿Não seguem critérios políticos¿ e ¿propiciar visibilidade à marca¿ são expressões destacadas para contrapor a acusação de que eventos e projetos patrocinados pela estatal teriam sido direcionados politicamente para beneficiar aliados. A suspeita foi levantada em matérias publicadas recentemente pela imprensa, segundo as quais a estatal teria investido na promoção de festas juninas no interior da Bahia, principalmente em cidades administradas pelo PT. ¿Em 2008, das 44 cidades patrocinadas pela Petrobras oito eram administradas pelo PT e 16 eram pelo PSDB e DEM¿, alega o documento.

O roteiro também aborda a polêmica sobre a mudança na forma de contabilizar as receitas que teria resultado num recolhimento a menos de R$ 4,3 bilhões em impostos. A principal argumentação sobre esse aspecto é a de que teria o respaldo legal e que o valor líquido dessa compensação seria R$ 1,14 bilhões. O material ainda traz explicações para as operações Águas Profundas e Castelo de Areia, da Polícia Federal, que denunciou a existência de fraudes em licitações realizadas pela empresa. O governo nega as irregularidades e afirma que colaborou com a investigação.