Título: Votação em Minas é marcada por troca de acusações
Autor: Tabak, Flávio
Fonte: O Globo, 07/12/2009, O País, p. 4

Alas de Pimentel e Patrus citam até nomes do mensalão

BELO HORIZONTE. O segundo turno das eleições do PT em Minas foi marcado por ataques e denúncias entre os grupos que disputam a presidência do partido, alinhados com os dois pré-candidatos ao Palácio da Liberdade. As alas do ex-prefeito de BH Fernando Pimentel e do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, trocaram acusações de fraude no pleito e, para desqualificar o candidato alheio, citaram ligações com personagens do escândalo do mensalão.

Concorrem ao comando da legenda o secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, apoiado por Patrus; e o deputado federal Reginaldo Lopes, ligado a Pimentel. Eles votaram na sede municipal do PT em BH em momentos distintos e em clima bélico. Ao lado do ex-prefeito, o coordenador da campanha de Reginaldo, deputado Virgílio Guimarães, abriu a artilharia:

- O Gleber é um bate-estaca da desagregação. Não vou dizer que é um pitbull do Delúbio (Soares) - afirmou, em referência ao tesoureiro expulso do PT por envolvimento com o esquema do mensalão.

Na época, o candidato de Patrus era secretário nacional de Organização do partido. Mais tarde, depois de votar ao lado do ministro, ele rebateu:

- Se Virgílio acha que eu sou pitbull, é o cão-guia do Marcos Valério. Foi ele quem apresentou ao PT nacional o Valério, que eu conheci pelos jornais, durante o escândalo denominado mensalão.

Seja qual for o resultado do segundo turno, previsto para terça ou quarta-feira, a expectativa é de uma vitória por margem apertada em Minas. Cerca de 115 mil petistas estão aptos a votar em 634 municípios. Ontem, a expectativa era de baixo comparecimento, pois chovia, e os diretórios municipais já foram eleitos em primeiro turno.

No primeiro turno, demonstrações de unidade

O clima de hostilidade contrasta com o do primeiro turno, quando os dois lados procuravam manter a cordialidade em público. Patrus e Pimentel se encontraram no dia da votação, posando para fotos, numa demonstração de unidade. Ontem, apareceram em momentos distintos e não esconderam críticas. O ex-prefeito chamou o grupo liderado pelo adversário interno de sectário. Em troca, sua ala foi acusada por Patrus de trabalhar de inchar o partido para chegar à direção.

Os dois petistas brigam por hegemonia no partido, na tentativa de se fortalecer na disputa pela vaga de candidato a governador. No primeiro turno, a ala de Pimentel chegou a apostar que uma vitória com até 58% já lhe daria condições para um acordo com Patrus. Fechada a apuração, Reginaldo Lopes teve 47% da preferência petista, ante 38% de Gleber.