Título: Eleição do PT no Rio é decidida voto a voto
Autor: Tabak, Flávio
Fonte: O Globo, 07/12/2009, O País, p. 4

Com 90% das urnas apuradas em todo o estado, Luiz Sérgio aparece com 50,02%, contra 49,98% de Casula

Cerca de 20 mil petistas foram às urnas ontem para escolher, em segundo turno, o novo presidente do diretório estadual no Rio. Até as 21h40m de ontem, a apuração dos votos indicava uma ligeira vantagem para o deputado federal Luiz Sérgio, do grupo político que apoia a manutenção da aliança com PMDB e a candidatura do governador Sérgio Cabral à reeleição.

A disputa, no entanto, será decidida voto a voto, até a última urna. A parcial do diretório indicava uma diferença de apenas nove votos entre os dois adversários. Com mais de 90% das urnas apuradas, Luiz Sérgio aparece com 50,02% (9.037 votos), contra 49,98% (9.028) de Lourival Casula, candidato que defende a candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, ao governo estadual.

O atual presidente da legenda no Rio, Alberto Cantalice, aliado de Luiz Sérgio, disse na noite de ontem que seu candidato teria vencido as eleições. Segundo uma apuração paralela, o deputado conseguiria aproximadamente 1.100 votos a mais do que Casula.

- Ganhamos a eleição, não tem mais jeito - afirmou ele, antes da divulgação do resultado final do processo de eleição direta do PT, o PED 2009.

Candidatos levantam suspeitas sobre votação

As duas candidaturas trocaram acusações durante a votação de ontem. Casula disse que fiscais de sua campanha foram impedidos de atuar em seções de Petrópolis, do Morro do Vidigal, na Zona Sul carioca; e de Angra dos Reis, reduto eleitoral de Luiz Sérgio.

- Pressionaram tanto em Angra que meu fiscal teve que se hospitalizar, porque passou mal. Além disso, 15 pessoas votaram sem documentos nas urnas da cidade, e isto é proibido. Também bateram num fiscal nosso em Petrópolis e houve confusão no Vidigal - disse Casula, que ainda não decidiu se vai entrar com um recurso no partido.

Luiz Sérgio negou que seus cabos tenham dificultado a campanha de Casula e rebateu com outras acusações. Segundo o deputado, houve uso da máquina pública em Nova Iguaçu para beneficiar a campanha apoiada por Lindberg. O secretário de Economia e Finanças do município, Carlos Ferreira, teria usado um carro oficial para transportar eleitores.

- Estranhei esse fato, até porque ele (Ferreira) é defensor do projeto contra os fichas sujas. Isso é uso da máquina, buscando agir numa disputa interna. São fatos anormais ao processo e que eu lamento - disse Luiz Sérgio, que votou às 10h no Chapéu Mangueira e depois percorreu zonas de votação em Niterói, Nova Iguaçu, São João de Meriti, além de outros pontos da capital.

Lindberg disse não acreditar que seu secretário tenha usado carros oficiais. O prefeito estava otimista:

- A vitória do Lourival é uma demonstração da militância que não há outro caminho para a gente. Vou tentar convencer o presidente Lula sobre isso - disse ele.

A eleição começou às 9h de ontem, com baixo quórum. Por causa da última rodada do Campeonato Brasileiro e das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), as campanhas estimavam que 25 mil petistas votariam, número inferior aos 38 mil que escolheram os seus candidatos no primeiro turno.