Título: Tucano teria feito planilha de caixa 2
Autor: Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 05/12/2009, O País, p. 4

PSDB ameaça abrir processo no Conselho de Ética e até expulsar

BRASÍLIA. A denúncia de envolvimento do tucano Márcio Machado, ex-secretário de Obras do Governo do Distrito Federal, no esquema de captação de recursos supostamente ilegais para a campanha do governador José Roberto Arruda (DEM) em 2006, pode render, além de investigação do Ministério Público, um processo no Conselho de Ética do PSDB, com possibilidade até de expulsão. Segundo reportagem de ontem do "Estado de S. Paulo", o tucano foi o responsável por listar 41 empresas para fazer um suposto caixa dois de R$11 milhões para a campanha de Arruda em 2006.

A planilha manuscrita por Machado, afastado também da presidência do PSDB no DF esta semana, está sendo investigada pelo MP e mostra detalhes do suposto caixa dois. O papel foi entregue à Justiça no início de 2007, depois de ter sido esquecido ao final de uma entrevista de Machado em uma emissora de TV da capital.

De próprio punho, Machado detalha as 41 empresas procuradas para doar. A anotação das iniciais "PG", de pago, indica a soma R$1,7 milhão, sugerindo que essas foram as doações que se concretizaram.

Segundo a reportagem, as anotações detalham os nomes das empresas e valores, uma coluna com dois saldos - um em dólar (US$342.900) e outro em reais (R$243.500) - e duas listas de receitas (R$1,1 milhão) e despesas (R$1,1 milhão). No total, 20 construtoras estão relacionadas, e pelo menos nove delas fecharam contrato com o governo que tomou posse em 2007. Outras grandes empresas são da área de informática.

Para evitar que a participação de Machado no chamado mensalão do DEM respingue na sucessão presidencial, a Executiva Nacional do PSDB se reúne segunda-feira para encaminhar o processo interno contra o ex-secretário.

- Devemos agir rapidamente, porque as denúncias são muito graves - disse o secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG).

O advogado do ex-secretário de Obras, Antonio Carlos de Almeida Castro, diz que ele não tem com o que se preocupar juridicamente. Afirmou ontem que ele apenas sugeriu uma lista de empresas que poderiam contribuir para a campanha de Arruda em 2006.