Título: Mensalão mineiro: MP quer devolução de verba
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 05/12/2009, O País, p. 12

CORRUPÇÃO DOCUMENTADA: Entre os réus, estão o ex-vice-governador de Minas Walfrido dos Mares Guia e Marcos Valério

Em nova ação, promotores cobrarão do tucano Azeredo e outros envolvidos o ressarcimento de R$2 milhões

BELO HORIZONTE. O Ministério Público de Minas Gerais quer que o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e os demais envolvidos no chamado mensalão mineiro devolvam o dinheiro supostamente desviado dos cofres estaduais. Em nova ação judicial contra o grupo, cobrará o ressarcimento, em valores corrigidos, de pelo menos R$2 milhões dos R$3,5 milhões que teriam sido usados para financiar a campanha do tucano à reeleição ao governo mineiro, em 1998.

A promotoria de Defesa do Patrimônio Público analisa a conduta dos acusados para distinguir quais foram os responsáveis diretos pelos desvios e quais os beneficiários. A previsão é que a ação seja ajuizada no início de 2010. Além de Azeredo, que enfrentará ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) por ter foro privilegiado , 11 pessoas respondem a processo criminal na Justiça de Minas e podem ser arroladas.

Entre os réus estão o ex-vice-governador de Minas Walfrido dos Mares Guia, que era coordenador da campanha; o candidato a vice na chapa tucana em 98, Clésio Andrade; Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do esquema; seus sócios na agência SMP&B e dirigentes de estatais mineiras. Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, as empresas públicas repassaram verbas, a título de patrocínio, para a agência de Valério promover eventos esportivos (Enduro da Independência, Iron Biker e Super Cross), mas os recursos foram desviados para o caixa dois da campanha.

No total, R$3,5 milhões teriam sido desviados, mas o MP já cobra o ressarcimento de R$1,5 milhão em ação ajuizada em 2004 contra ex-administradores da Companhia de Abastecimento de Minas (Copasa), ainda não julgada, segundo a promotoria. O restante, referente a repasses do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) e da Comig, será cobrado agora.

Procurado ontem, Azeredo não se pronunciou sobre a nova ação. Por meio de sua assessoria, voltou a dizer que nunca houve mensalão em Minas e que as questões financeiras envolvendo a campanha de 1998 não eram de sua responsabilidade.

Ao responder sobre a decisão do STF, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), defendeu o financiamento público de campanhas e disse que o senador Azeredo é vítima do momento político que o país vive. Para ele, a ação permitirá ao senador provar sua inocência.

-? Problemas ocorreram na prestação de contas, na arrecadação de recursos, mas não vi nada que me desse garantias de que tenha havido, enfim, uma intermediação, uma ação direta do senador - afirmou Aécio.

Aécio disse crer que o mensalão mineiro e o recente escândalo no governo do Distrito Federal não terão impacto na candidatura da oposição:

- Será uma eleição difícil, certamente para os dois lados, mas continuo confiante na nossa capacidade de vencer.