Título: Popularidade intransferível
Autor: Azevedo, Cristina
Fonte: O Globo, 10/12/2009, O Mundo, p. 38

SANTIAGO. Embora a presidente Michelle Bachelet tenha 77% de aprovação, ela não tem transferido votos ao candidato de sua coligação, Eduardo Frei. Para o analista político Ricardo Israel, um dos motivos pode ser justamente o primeiro mandato do ex-presidente. ¿Muito do que ele propõe, ele mesmo não fez como presidente. As pessoas se perguntam: então, por que não fez antes?¿

Por que a presidente Michelle Bachelet não consegue transferir sua popularidade para o candidato da Concertação, Eduardo Frei?

RICARDO ISRAEL: Esse não é um fenômeno raro no Chile. Aconteceu com a própria Bachelet, no final do governo Lagos, que era extremamente popular e não transmitiu tantos votos a ela. Bachelet é uma figura forte. Creio que se ela se candidatar em 2013, será eleita.

Em que medida ter sido presidente ajuda ou atrapalha Frei?

ISRAEL: Não ajuda. Frei teve alguns bons anos, mas os dois últimos anos de governo foram afetados pela crise asiática. Seu governo terminou com desemprego alto e crescimento baixo. Muito do que ele propõe, hoje, em campanha, não fez como presidente. As pessoas se perguntam: se propõe agora, então por que não fez antes?

A reabertura do processo sobre a morte de seu pai, o também ex-presidente Eduardo Frei Montalva, pode ajudá-lo na eleição?

ISRAEL: Ainda existe o debate sobre direitos humanos, mas ele é cada vez menos importante. As pesquisas mostram que as pessoas estão mais preocupadas com a criminalidade, a saúde, a educação. Tudo isso ocorreu há muito tempo. Se Frei continuar em segundo lugar em relação a Sebastián Piñera, isso vai mostrar que o fato não afetou em nada as eleições. Mas só vamos saber no domingo. (Cristina Azevedo)