Título: Chuvas em SP já mataram 23 pessoas
Autor: Sorima Neto, João
Fonte: O Globo, 10/12/2009, O País, p. 13

Estragos começaram no início do mês; para o prefeito Kassab, não houve caos

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SÃO PAULO. Mais dois corpos foram encontrados ontem, elevando para oito o número de mortos por conta da chuva de terça-feira que atingiu capital e região metropolitana de São Paulo ¿ a maior para um período de 24 horas desde 2006. Considerando os dez primeiros dias de dezembro, os mortos em todo o estado chegam a 23.

Antonio Carlos Vasco foi levado pela enxurrada do córrego Ribeirão dos Cristais, na Vila União, em Jordanésia. Segundo testemunhas, ele atravessava uma ponte improvisada, se desequilibrou e caiu na água, sendo arrastado pela correnteza. O corpo só foi encontrado ontem, a 300 metros do local da queda. Bombeiros acharam outro corpo não identificado num córrego na cidade de Jandira.

Em Santana do Paranaíba, na região metropolitana de São Paulo, quatro irmãos (gêmeos de 7 anos, uma menina de 9 e um rapaz de 18 anos) foram enterrados. Abalada, a mãe passou mal e teve de ser levada para o hospital. Os quatro foram enterrados no mesmo túmulo.

Uma enorme cratera se abriu no trecho Oeste do Rodoanel, na altura do km 16, perto de Barueri. Duas das quatro faixas foram interditadas. O buraco foi tapado. Um dos principais acessos ao litoral Norte, a Rodovia Mogi Bertioga está totalmente interditada nos dois sentidos.

Por volta de 20h de terça, a terra deslizou na altura do km 89 e tomou cerca de 150 metros da pista. Em Bauru, a força da água dividiu uma estrada ao meio. A tubulação por baixo da Rodovia Antonio Rosset cedeu e abriu um buraco de 30 metros de comprimento e três de profundidade. O maior entreposto da América Latina, a Ceagesp, jogou no lixo toneladas de alimentos.

O governo do estado admitiu que o Tietê transbordou porque uma bomba elevatória parou de funcionar, reduzindo em 25% a vazão de água. O conserto deve demorar 10 dias. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), prometeu fazer mais investimentos. Mas disse que o lixo jogado pela população em córregos e rios agrava as enchentes:

¿ É um problema de comportamento da população.

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) negou situação de caos no município. Para ele, os paulistanos sabiam o que estavam fazendo e para onde deveriam ir, por isso não houve caos.