Título: CPI do MST é instalada, e ruralistas pedem quebra de sigilo de entidades
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 10/12/2009, O País, p. 12

De uma só vez, foram 22 requerimentos, inclusive convocando ministros

BRASÍLIA. A CPI mista do MST foi instalada ontem, e os ruralistas já apresentaram uma lista de convocações de ministros do governo Lula e requerimentos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de entidades ligadas ao Movimento dos Sem Terra. Deputados ligados ao setor apresentaram 22 requerimentos, que pedem também explicações do Palácio do Planalto sobre encontro do presidente Lula com líderes do MST.

O governo terá o comando da CPI com a indicação do deputado Jilmar Tatto (PT-SP) para relator e do senador Almeida Lima (PMDB-SE) para presidente.

Mas, mesmo com o comando, o governo não terá garantia de controlar a maioria da comissão.

Muitos parlamentares de partidos que apoiam o Palácio do Planalto são grandes fazendeiros e mantêm ligações com entidades como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). No papel, a vantagem do governo é larga: 25 governistas contra 12 da oposição.

O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) é autor de 17 dos 22 requerimentos apresentados ontem, que terão que ser aprovados pela CPI. Ele quer convocar os ministros Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), Tarso Genro (Justiça) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), além do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar, e do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Os ruralistas querem investigar, entre outras entidades, a Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca) e a Confederação das Cooperativas da Reforma Agrária (Concrab), ambas do MST. Os governistas se reunirão nos próximos dias para avaliar que entidades patronais pretendem investigar.

No primeiro dia de CPI, os parlamentares marcaram suas posições. O senador Gilberto Goelner (DEM-MT), ruralista, disse que o MST ¿queima a imagem do Brasil no exterior¿. Já o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou que não se pode criminalizar qualquer entidade ou movimento social sem analisar as provas. O vice-presidente da CPI, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse que há um acordo para que o trabalhos sejam realizados sem radicalismos: ¿ É evidente que vai haver um confronto político e ideológico, mas de forma serena.

Almeida Lima disse que as investigações deverão ficar para o ano que vem