Título: Aliados do governador criam CPI
Autor: Vasconcelos, Adriana; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 10/12/2009, O País, p. 10

Deputados ampliam apuração para gestões de Roriz, adversário de Arruda

BRASÍLIA. Aliados do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), inclusive deputados cujos partidos anunciaram a saída do governo, articulam para protelar ao máximo a votação do processo de impeachment contra ele na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Uma das estratégias foi concordar ontem com a criação de uma CPI para investigar o esquema de pagamento de mesadas a deputados distritais ¿ mas ampliando a apuração, incluindo todas as denúncias de corrupção no GDF desde 1991. Isso inclui gestões do hoje adversário de Arruda, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC).

A estratégia é protelar o andamento dos três processos de impeachment contra Arruda, enquanto não se apurar denúncias pela CPI. Os aliados de Arruda contam ainda com o recesso parlamentar para esfriar o assunto, e só retomar as investigações em fevereiro.

Aliada de Arruda, a deputada Eliana Pedrosa (DEM) afirmou ontem que, antes do recesso, a Casa deve dar o que chamou de resposta à sociedade: votar os projetos de interesse da população, instalar a CPI e definir o rito de tramitação dos processos de impeachment.

Mas, ao contrário do que defende a oposição, entrar em recesso em seguida.

¿ Parlamentar também é gente e em julho todo mundo estará em campanha ¿ disse Eliana.

Cinco deputados vão investigar as denúncias A CPI criada ontem prevê que cinco deputados distritais vão investigar denúncias do inquérito que corre na Polícia Federal e que tem por base vídeos, declarações e gravações legais feitas por Durval Barbosa, ex-secretário de Arruda e de Roriz. Mas com o propósito de apurar denúncias de 1991 a 2009, período que mira os governos de Roriz e que, por ser longo, abre margem para a protelação dos trabalhos. O requerimento foi assinado pelos 24 distritais.

Os comandos nacionais dos partidos que romperam com Arruda nas últimas duas semanas evitam, por enquanto, interferir no voto dos seus deputados na Câmara Legislativa.

Mas poderão questionar votos favoráveis a Arruda, com eventuais punições internas.

Outra tática dos aliados de Arruda foi questionar o rito de tramitação do impeachment estabelecido pelo presidente interino da Casa, Cabo Patrício (PT). O rito tem por base a lei de crimes de responsabilidade de 1950 e prevê que, em vez de ir para a Comissão de Constituição e Justiça (composta por cinco deputados), os processos seguem para uma comissão especial, de nove deputados.