Título: Ninguém eliminou a corrupção
Autor: Benevides, Carolina
Fonte: O Globo, 10/12/2009, O País, p. 4

BRASÍLIA. O consultor do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime diz que corrupção é problema mundial e que o segredo é garantir que criminosos sejam punidos rapidamente.

O GLOBO: Há corrupção em todos os países? STUART GILMAN: Há.

Ninguém eliminou a corrupção, seja na Suécia, na Noruega, nos EUA ou na Nova Zelândia. A questão é quão bem os países controlam o problema, prevenindo antes que ocorra e punindo corruptos. Quanto mais rapidamente e eficazmente fizerem isso, menos corrupção vão ter.

Os seres humanos são corruptos por natureza? GILMAN: Alguns são. A questão é qual é a cultura da sociedade. Estamos vendo uma grande onda de mudança de atitudes no mundo, onde cidadãos não estão mais dispostos a pagar pequenas propinas ou ver políticos receber grandes subornos e roubar dos cidadãos.

Qual a melhor forma de combater a corrupção? GILMAN: Não existe uma bala de prata. A nova convenção das Nações Unidas contra a corrupção mapeia o problema. Diz como construir integridade, por meio de medidas preventivas; a Justiça criminal que se deve ter; a cooperação internacional, quando políticos roubam e levam dinheiro para o exterior; e como reaver ativos. Para que as pessoas não se safem.

Jack Abramoff (lobista republicano preso em 2006, em Washington) foi condenado por suborno.

Do momento em que foi indiciado até ir para a penitenciária, foram oito meses.

Por quê? Deram a ele uma opção: passar o resto da vida preso e perder todo o dinheiro que tinha ou passar 15 anos na cadeia e pagar multa de US$ 1 milhão.

Assim, o público viu alguém punido rapidamente.