Título: Empresários mantêm o otimismo
Autor: Beck, Martha; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 11/12/2009, Economia, p. 32

Fiesp diz "estar mais para a alegria". Presidente da Vale vê alta de 6% em 2010

PAULO GODOY, presidente da Abdib: temor de alta de juros em 2010

Lino Rodrigues, Adauri Antunes Barbosa e Fábio Fabrini

SÃO PAULO e BELO HORIZONTE. Empresários e representantes de entidades empresariais mantiveram o otimismo em relação ao futuro da economia brasileira, apesar do crescimento de 1,3% do PIB no terceiro trimestre ter ficado abaixo do esperado. Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), admitiu que o resultado ficou menor do que o previsto pelo mercado e pela entidade (2%), mas disse que não vê grandes complicações para as empresas.

- Ainda estamos mais para alegria do que para tristeza - disse Francini, que espera queda do PIB entre 0,2% e 0,4% em 2009 e avanço de 6% em 2010.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base e Infraestrutura (Abdib), Paulo Godoy, há indicação de que a trajetória de retomada dos investimentos foi mantida. O aumento de 2,9% da atividade industrial, de acordo com Godoy, não surpreendeu, pois o setor vinha crescendo. O lado ruim, diz, é que os juros vão subir em 2010, para controlar uma possível alta da inflação.

Em Belo Horizonte para lançar o Instituto Tecnológico Vale (ITV), o presidente da mineradora, Roger Agnelli, afirmou que, seja qual for o resultado do PIB no ano, será satisfatório, pois o que se prenunciava no começo da crise era um "desastre".

- Terminar 2009 do jeito que terminar será muito melhor do que qualquer um poderia sonhar no começo do ano. Se for 0%, 1%, 2%, não importa. Comparando com as projeções do início do ano, estamos terminando, em qualquer cenário, muito melhor - disse o executivo, que projeta expansão superior a 6% em 2010.

José Serra alerta para timidez dos investimentos

Para alguns, no entanto, os números do IBGE demandam cautela. Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee), que espera queda de 9% no setor em 2009, disse que o resultado terá impacto na taxa de investimento no próximo ano, que não chegará aos 21% do PIB previstos para 2010.

- Esse PIB menor mostra que nem todos os setores estão bombando - disse ele, que prevê uma queda entre 0,5% e 1% no PIB deste ano.

O governador de São Paulo e possível candidato da oposição à Presidência da República, José Serra (PSDB), concorda.

- Quando a gente vê os investimentos privados, os indicadores são ainda de que não foram retomados na sua plenitude. Talvez a questão do PIB esteja relacionada com o comportamento ainda tímido das intenções de investimento - afirmou Serra, ressaltando que um trimestre é pouco tempo para analisar o desempenho do PIB.

Já a Força Sindical chamou o resultado de "nanico" e criticou o Banco Central (BC) pela manutenção dos juros em "patamares proibitivos".