Título: Primeiro leilão de energia eólica tem deságio de 21,5%
Autor: Jungblut, Cristiane; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 15/12/2009, Economia, p. 28

'Não devemos trabalhar com possibilidade de racionamento', diz Lobão

SÃO PAULO e BRASÍLIA. No primeiro leilão de energia eólica no Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fechou a compra de 1.805,7 megawatts (MW) de potência a partir de 14 de julho de 2012, três vezes mais a capacidade até agora em operação no país. O preço médio ficou em R$148,39 por megawatt-hora (MWh), um deságio de 21,49% em relação ao mínimo determinado pelo governo, de R$189. Foram negociados 753 lotes e venceu quem ofereceu o menor preço. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo aposta na energia eólica para evitar apagões: ¿ A eólica não é tão barata. É um pouco mais cara que a hídrica, mas mais barata que a energia térmica movida a diesel. Mas, como estamos tendo dificuldades com (a hidrelétrica de) Belo Monte (no Rio Xingu, no Pará), temos que encontrar alternativas. O que não podemos permitir é que falte energia para o povo. Não devemos jamais trabalhar com a possibilidade de racionamento. Foram necessárias 76 rodadas e oito horas de negociação para definir os contratos, válidos por 20 anos. Nesse período, o volume financeiro movimentado para a compra de energia somará R$19,59 bilhões. O leilão foi realizado na modalidade de reserva, que prevê a contratação de um volume de energia superior ao necessário para atender à demanda no país. Serão necessários investimentos de R$8 bi O menor preço foi o da usina Coxilha Negra, da Eletrosul: R$131, deságio de 30,7%. Já o máximo não passou de R$153,07, 19,01% abaixo do teto. Ainda sem a abertura da composição dos consórcios que participaram do leilão, o governo afirmou que a participação das estatais foi reduzida ¿ mas entre os projetos vencedores estava a Petrobras. Um total de 339 projetos, somando 10 mil MW de capacidade instalada, foi habilitado para o leilão, mas o mercado apostava em contratação de dois mil a 2,5 mil MW. Apesar de o número final ter ficado um pouco abaixo, o governo disse que a disputa mostrou a viabilidade da produção de energia eólica. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, negou que a decisão tomada na sexta-passada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), de só prorrogar até janeiro a isenção de ICMS para equipamentos de usinas eólicas, coloque em risco novos projetos: ¿ Nossa expectativa é que os estados mantenham o benefício. Os projetos vencedores se concentram em Sul e Nordeste. O diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica, Pedro Perrelli, estimou em R$8 bilhões os investimentos a serem realizados para viabilizar a geração da energia vendida no leilão.