Título: Europa mergulha mais na recessão
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Fonte: Correio Braziliense, 03/06/2009, Economia, p. 21

Pelo quarto trimestre consecutivo, Zona do Euro tem queda no PIB. Recuo de 2,5% é o maior desde que o indicador começou a ser calculado

A crise econômica se intensificou na Zona do Euro com o recuo de 2,5% do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre, em relação ao trimestre anterior. Foi uma queda sem precedente e superior à dos Estados Unidos (leia mais na página 22), segundo estatísticas publicadas ontem. Os 16 países que usam a moeda única registraram seu quarto trimestre consecutivo de queda da atividade, porque o PIB já havia recuado 0,2% tanto no segundo quanto no terceiro trimestre em 2008 e 1,6% no quarto trimestre do ano passado.

Essa é a queda mais acentuada do PIB da região em um trimestre desde à criação de estatísticas para a zona, em 1995, destacou o escritório europeu de estatísticas, Eurostat. A Zona do Euro foi criada em 1999, mas o escritório fez um cálculo para os anos anteriores.

Comparada ao primeiro trimestre de 2008, a queda foi de 4,6%, contra a previsão de baixa de 2,2% de um trimestre para o outro e de 4,1% em um ano dos analistas consultados pela agência de notícias financeiras Dow Jones Newswires.

A União Europeia em seu conjunto, formada por 27 países, também registrou uma contração de sua economia de 2,5% em um mês, após a queda de 1,5% no trimestre anterior. Em um ano, o recuo foi de 4,4%. Entre as grandes economias da região, a Alemanha foi particularmente afetada, com um recuo de 3,8% de seu PIB no trimestre, sua mais forte retração desde o início da publicação dos dados trimestrais em 1970. Devido à importância das exportações em sua economia, esse país é o mais atingido pelo desaquecimento mundial. A Itália registrou baixa de 2,4% e a Espanha, de 1,8%.

França A França está há um ano em uma recessão profunda, caracterizada pela queda de 1,2% de sua atividade no primeiro trimestre de 2009, segundo dados oficiais publicados ontem, mas se salvou do naufrágio pela resistência do consumo.

Dados do Instituto nacional da estatística (Insee) mostram que a recessão começou há um ano. Apesar de estar atravessando sua pior crise desde o primeiro choque petroleiro de 1975, a França parece resistir um pouco melhor à recessão mundial do que seus principais vizinhos. ¿O PIB da França recuou 1,2% no primeiro trimestre de 2009. Em relação aos padrões internacionais essa queda é relativamente limitada¿, comentou Nicolas Bouzou, economista do gabinete Astères.

A França é, com os Estados Unidos, o único país industrializado em que o consumo das famílias cresceu nos últimos meses. A alta é modesta, de 0,2%, mas ajudou o país. Esse consumo das famílias é, no entanto, muito frágil, e a disparada do desemprego pode ter repercussões nos próximos meses dentro da União Europeia. Segundo dados publicados nesta sexta-feira, 138 mil empregos foram perdidos no país no primeiro trimestre.

¿Se o consumo cair devido ao desemprego, a recessão poderá se transformar em depressão¿, advertiu Alexander Law, econimista do instituto Xerfi. Em meio à publicação desses dados, o governo francês revisou em baixa suas previsões econômicas oficiais para o acumulado do ano. O governo espera uma contração de 3% do PIB contra uma previsão anterior de queda de 1,5%.

Mesmo assim, o governo prevê uma ¿retomada gradual em 2010¿, segundo informou a ministra da economia, Christine Lagarde. O primeiro-ministro francês, François Fillon, falou esta semana de sinais ¿animadores¿. Segundo ele, o mercado do emprego continuará registrando queda, ¿mas depois do verão o aumento do desemprego vai se desacelerar¿, acrescentou Fillon.