Título: Depois de seis dias, a retirada
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Fonte: O Globo, 09/12/2009, O País, p. 8

Manifestantes deixam a Câmara do DF; do lado de fora, houve até quem apoiasse Arruda

BRASÍLIA. Depois de seis dias ocupando o plenário e dependências da Câmara Legislativa do DF, estudantes a favor do impeachment do governador José Roberto Arruda (DEM) foram retirados ontem pela PM. Para se contrapor ao movimento dos estudantes, Arruda e aliados mobilizaram cerca de 300 manifestantes para ir à Câmara e fazer mais barulho dos que os pró-impeachment.

Segundo a oposição, muitos desses manifestantes eram funcionários comissionados do governo do Distrito Federal.

Alguns, preservando a identidade, admitiram trabalhar para o governo. A maioria, no entanto, negava que a ida ao local tenha sido articulada. Com gritos de guerra, um dos que lideravam o movimento, o marceneiro Ângelo Ferreira Filho, morador da periferia, afirmou: ¿ Minha cidade era a menininha feia e hoje é a princesinha. O Arruda deu R$ 172 milhões só para a minha cidade, fez parquinhos, escola. Que atire a primeira pedra o político que não errou.

Apesar da confusão e de muito barulho ao longo do dia, os manifestantes foram retirados pacificamente, embora alguns tenham sido carregados pelos PMs. Não houve violência.

O rompimento anunciado por partidos que apoiavam Arruda ¿ PMDB, PSDB, PPS, PDT, PSB ¿ não deverá se reproduzir numa eventual votação de impeachment.

O governador e seus aliados estão em plena articulação política para garantir os votos contra o impeachment de todos os deputados que eram aliados e ocupavam cargos no governo até semana passada.

Ontem, um almoço na casa da deputada Eliana Pedrosa (DEM), que reassumiu o mandato para atuar no rearranjo da base de Arruda, reuniu quase dez deputados dos partidos rompidos com o governo.

Além de serem considerados fiéis a Arruda, alguns estão envolvidos no escândalo.

¿ O fato de sair do governo não quer dizer sair da base governista na Câmara.

Até para se defender, todos terão que se juntar ou não sobra ninguém ¿ afirmou o secretário-geral do DEM-DF, Flávio Couri.