Título: Pão de Açúcar: negócio não afeta competição
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 09/12/2009, Economia, p. 26

Grupo dirá a Cade que há forte concorrência no setor de bens duráveis e que internet é arma para consumidor

SÃO PAULO. O Pão de Açúcar começou a definir os principais itens do documento que será apresentado aos órgãos de defesa da concorrência para defender a compra das Casas Bahia.

Segundo um executivo que acompanha o trabalho, um dos argumentos em estudo é o de que a nova companhia não afetará as condições de competição no mercado de bens de consumo duráveis. Ao se referir ao setor como um todo, o Pão de Açúcar tenta minimizar seu novo peso em segmentos como o de eletroeletrônicos ¿ em que sua fatia de mercado atingiria 50% em São Paulo.

Executivos da empresa afirmam ainda que o setor de bens duráveis apresenta hoje forte concorrência e que a internet representa uma arma importante à disposição dos consumidores para a comparação de preços. O Pão de Açúcar tem prazo de 15 dias para apresentar sua defesa, a contar da última sexta-feira (data da assinatura do acordo entre os empresários Abílio Diniz e Michael Klein).

Pela operação, Casas Bahia, Extra Eletro e Ponto Frio (comprado em junho pelo Pão de Açúcar) vão formar uma nova empresa com faturamento bruto estimado em mais de R$ 40 bilhões por ano. Segundo analistas, Pão de Açúcar e Casas Bahia passarão a negociar, juntas, até metade da produção de companhias como Whirlpool, LG e Philips.

Preocupado com isso, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já avalia a fixação de restrições à compra das Casas Bahia, até que a transação seja inteiramente analisada pela autarquia. Como aconteceu na fusão de Perdigão e Sadia e da Oi com BrT, o Cade pode adotar um acordo de ¿preservação de reversibilidade¿ (Apro), prevendo a manutenção das marcas, o atual número de lojas ou de funcionários.

Pesquisa da Serasa mostra ameaça também na internet

Segundo o presidente do Cade, Arthur Badin, em princípio não haveria obstáculos à operação, mas a compra anterior do Ponto Frio ¿mudou o quadro¿ no tabuleiro do varejo. A previsão é que o julgamento do processo não ocorra antes do primeiro semestre do próximo ano.

Pesquisa divulgada ontem pela Serasa mostra a força do novo gigante do varejo também na internet, com chances de ameaçar o reinado até agora seguro do grupo B2W, controlador de Americanas.com e Submarino.

Pelos números até novembro, o B2W detém 48,44% das visitas entre os varejistas on-line. Com 22,25% de participação aparece a empresa de Diniz e Klein, empurrando para terceiro lugar o Magazine Luiza (8,87%).

Para a Serasa, ¿a potencial ameaça vem da elevada taxa de crescimento¿ dos sites de Casas Bahia, Extra e Ponto Frio entre abril e novembro ¿ de 70,5%.

No mesmo período, os sites da B2W avançaram apenas 11,7%. A pesquisa considerou um universo de 90 mil consumidores e 60 mil sites no Brasil.