Título: Câmara do DF volta a trabalhar em clima tenso
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 11/01/2010, O País, p. 9
Prudente, o "deputado da meia", diz que reassumirá presidência da Casa; oposição tentará afastá-lo do cargo
BRASÍLIA. A Câmara Legislativa do Distrito Federal retoma hoje suas atividades em clima beligerante. Mesmo flagrado em vídeos recebendo propina no suposto esquema de corrupção do governo local, o deputado Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM), que estava licenciado, promete sentar-se novamente na cadeira de presidente. E a oposição pretende apresentar requerimento pedindo o afastamento dele do cargo até o fim das apurações.
Também hoje, serão escolhidos os presidentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigará a cúpula do governo distrital, e da comissão que analisará os pedidos de impeachment do governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) e de seu vice, Paulo Octávio (DEM).
A discórdia não estará restrita ao interior do prédio da Câmara. Do lado de fora, movimentos sociais avisaram que vão fazer barulho pelo afastamento de Prudente e pelo impeachment de Arruda. Partidários do governador também deverão marcar presença.
O PT local já pediu que integrantes do Ministério Público estejam no local para fiscalizar eventual uso da máquina pública para atrair os manifestantes pró-Arruda. A preocupação é que haja fretamento de ônibus por parte do governo para atrair essas pessoas.
O fim antecipado do recesso na Câmara foi marcado para discutir a instalação da CPI e os pedidos de impeachment. Para a deputada petista Érika Kokay, a volta de Prudente ao cargo foi negociada com Arruda para blindar o governo nas duas comissões e atrasar ainda mais as apurações.
- Isso é uma manobra do governador (Prudente reassumir a presidência). Cria um impasse, porque é obviamente incompatível com a transparência. Ele (Prudente) é investigado por quebra de decoro parlamentar. A presença dele tumultua o andamento da CPI e do processo de impeachment. Não temos dúvida de que a volta dele foi negociada com o governador, que tem interesse em postergar ao máximo as investigações - disse a parlamentar.