Título: Comissão aprovará novas indenizações
Autor: Éboli, Evandro ; Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 13/01/2010, O País, p. 4

Filhos de Jango e Brizola estão entre os que aguardam o benefício

BRASÍLIA. Em meio à polêmica sobre punição para militares que atuaram na repressão, a Comissão de Anistia aprovará hoje indenizações em dinheiro para filhos de João Goulart e Leonel Brizola, entre outros políticos.

Dezesseis filhos e netos de 11 antigos opositores do regime militar reivindicam a indenização por terem vivido na clandestinidade, terem sido presos com os pais e até expulsos do país.

A indenização máxima prevista na lei é de R$ 100 mil por pessoa, valor pleiteado pela maioria.

Como não trabalhavam no período e ainda eram estudantes, não tiveram suas carreiras prejudicadas pela ditadura.

Não será a primeira indenização para descendentes desses políticos. Os militantes tiveram as condições de anistiados post mortem aprovadas em anos anteriores, e os parentes já receberam verbas da Comissão de Anistia. O caso de Luiz Carlos Prestes foi aprovado em maio de 2005 com a promoção ao posto de coronel. A viúva, Maria do Carmo Ribeiro, e as filhas do casal passaram a receber pensão no valor equivalente aos soldos de general, na época R$ 7,5 mil.

A comissão julga hoje o pedido de Luiz Carlos Ribeiro Prestes, filho do ex-ativista comunista, que, quando criança, viveu no exílio na então União Soviética.

Três filhos de Brizola ¿ José Vicente, Neusinha e João Octavio ¿ também deverão ser contemplados.

Eles viveram no exílio logo após o golpe militar e retornaram em 1979, com a Lei de Anistia. Em outubro de 2008, a comissão aprovou a anistia post mortem de Brizola e concedeu pensão de R$ 6 mil para Maria Guilhermina Pinheiro, excompanheira do pedetista.

João Octávio e Neusinha reivindicam R$ 100 mil. Esse também é o valor pedido por João Vicente e Denise Goulart, filhos de Jango, deposto pelo golpe militar. A comissão já concedeu à família do ex-presidente, em novembro de 2008, indenização de R$ 625 mil, valor corresponde ao cálculo do que ele teria recebido se tivesse trabalhado no Brasil, no período em que viveu no exílio. Ele morreu na Argentina em 1976. A viúva Maria Thereza Goulart recebe pensão mensal de cerca de R$ 5.400.