Título: Efeito hillary no universo diplomático
Autor: Martins, Marília
Fonte: O Globo, 13/01/2010, Mundo, p. 25

Número de embaixadoras quintuplica em Washington e rompe monopólio masculino

HILLARY DESEMBARCA em Honolulu: visibilidade diplomática

WASHINGTON. Atrás das cercas da Embaixada de Omã na Avenida Massachusetts, a primeira embaixadora do sexo feminino de um país árabe nos EUA, Hunaina Sultan al-Mughairy, senta-se à mesa para examinar um discurso que visa a apagar conceitos errados sobre seu país.

A algumas quadras dali, dentro de uma majestosa mansão na Dupont Circle, a primeira embaixadora mulher da Índia nos EUA em mais de 50 anos, Meera Shankar, se reunia com assessores após a visita de Estado de seu primeiro-ministro ao presidente Barack Obama.

Nas redondezas, numa casa centenária com salão de baile próprio, a única mulher latino-americana à frente de uma embaixada em Washington, a colombiana Carolina Barco, voltava de uma palestra sobre livre comércio no Congresso, para exibir a cultura e a comida de seu país.

Há 25 embaixadoras baseadas em Washington ¿ o maior número de todos os tempos, segundo o Departamento de Estado.

Mulheres continuam sendo minoria ¿ há 182 embaixadores credenciados em Washington. Mas o fato de elas terem passado de cinco, no fim dos anos 1990, para um total cinco vezes maior está abrindo o que por mais de um século era um clube de elite para o sexo masculino.

Um fator-chave para isso é o aumento do número de diplomatas mulheres no alto escalão nos EUA, o que alguns chamam de ¿efeito Hillary¿.

¿ Hillary Clinton tem muita visibilidade (como secretária de Estado) ¿ disse Amelia Matos Sumbana, embaixadora recém-chegada de Moçambique. ¿ Ela faz com que seja mais fácil para que presidentes escolham uma mulher para Washington.

Madeleine Albright foi a primeira mulher secretária de Estado americana em 1997. Condoleezza Rice serviu de 2005 a 2009.

Hillary, agora em seu segundo ano, é especialmente conhecida no exterior por seu passado de primeira-dama e candidata presidencial, e vista por muitos como defensora mundial dos direitos das mulheres. Albright disse que quando conversou com alguns chanceleres pelo mundo eles disseram que seus governos começaram a pensar: ¿Precisamos de uma Madeleine¿.

Alguns diplomatas americanos disseram que a indicação de uma mulher pode ser uma forma de um país sinalizar que está se modernizando e em compasso com os Estados Unidos.