Título: Trapalhadas de governistas
Autor: Azedo, Luiz Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 30/05/2009, Política, p. 4

Jucá não se entende com Renan, que tenta se vingar de Mercadante. Em meio ao desacerto, oposição comemora. Jucá, líder do governo no Senado: estranhamento com Renan Calheiros

Renan, eminência parda na CPI: reclamações contra Mercadante

Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press - 10/11/06 Mercadante: recurso contra decisão do presidente da CPI das ONGs O governo quer fazer do limão a limonada no caso da CPI da Petrobras, mas esbarra nas trapalhadas dos líderes da base, que não estão se entendendo. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), andou se estranhando com o líder do PMDB Renan Calheiros (AL), que promove um ajuste de contas com o líder do PT Aloizio Mercadante (SP). O petista caiu em desgraça com o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), porque se aliou aos tucanos e democratas para tentar eleger o petista Tião Viana (PT-AC) para o comando da instituição. Resultado dessa ciranda: no fogaréu de vaidades, falta coordenação aos governistas para enfrentar a guerrilha da oposição.

Foi por causa desses desentendimentos que o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) pode realmente perder a relatoria da CPI das Ongs para o líder do PSDB Arthur Virgílio (AM), nomeado para o cargo por Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente daquela comissão, tão logo os nomes dos integrantes da CPI da Petrobras foram anunciados. O comunista foi nomeado titular da CPI da Petrobras por Mercadante sem prévia consulta aos demais líderes, sendo cotado inclusive para presidir a comissão, o que deu oportunidade a Heráclito para a troca. A alta cotação de Inácio decorre exatamente do fato de ter engavetado todas as denúncias contra as ONGs, algumas delas respingando forte nas verbas de publicidade e responsabilidade social da Petrobras. As duas CPIs são irmãs quase siamesas: uma vai investigar quem faz doações; a outra, quem as recebe.

Não adiante blindar a CPI da Petrobras e deixar a das Ongs à matroca, pois a mesma foi prorrogada por mais um ano noutro cochilo dos governistas. Mercadante, agora, tenta reverter a decisão que ameaça ressuscitar a CPI das Ongs. Para isso, promoveu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) a titular da CPI da Petrobras e passou Inácio para a suplência, mandando-o de volta para a relatoria da comissão que investiga as ONGs. Mas essa decisão não agradou ao líder do PMDB, porque o Rio de Janeiro já tem um titular na comissão, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ), indicado para a CPI da Petrobras a pedido do governador Sérgio Cabral (PMDB). A outra opção seria promover Delcídio Amaral (PT-MS) de segundo suplente a titular da CPI da Petrobras. O petista é ex-diretor da empresa, mas Mercadante prefere cortar as asas do colega, que tem boas relações com Renan e Sarney.

Parecer Quem comemora as trapalhadas governistas é o presidente da CPI das ONGs. ¿Não tem volta, já tenho um parecer da consultoria jurídica consolidando a minha decisão. O relator será Virgílio¿, garante Heráclito. De autoria do consultor legislativo Gilberto Guerzoli Filho, o parecer afirma: ¿No instante em que o presidente do Senado designou, em atenção a ofício enviado pela Liderança do Bloco de Apoio ao Governo, o senador Inácio Arruda, suplente da CPI das Ongs, esse parlamentar perdeu, formalmente, a relatoria daquele colegiado, que só pode ser exercida por titulares do órgão. O parecer admite o retorno de Inácio à comissão, mas sua volta à relatoria seria um ¿ato discricionário e não vinculado¿ do presidente da CPI. Ou seja, dependeria da vontade de Heráclito.

Mercadante esperneia e promete entrar com recurso no plenário do Senado para derrubar a decisão do presidente da CPI das Ongs, na terça-feira. ¿Heráclito rompeu um acordo para a composição da comissão e cometeu um ato autoritário sem precedentes.¿ Renan, que virou espécie de eminência parda da CPI da Petrobras, reclama da atuação de Mercadante. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, apoia Renan.