Título: Imigração ilegal originou ataque
Autor: Suwwan, Leila ; Nobrega, Camila
Fonte: O Globo, 30/12/2009, O País, p. 4

Antropólogo diz que quilombolas fazem tráfico de pessoas

O antropólogo americano Richard Price, que estuda os maroons (quilombolas no Suriname) desde 1966, disse que a facada que provocou o ataque de quilombolas a brasileiros e outros estrangeiros em Albina, cidade a 150 quilômetros de Paramaribo, está relacionada com a imigração (contrabando de brasileiros para a vizinha Guiana Francesa), embora afirme que a tensão geral entre os Ndyuka (quilombolas da região) e os brasileiros também está ligada à mineração de ouro no território Maroon.

O motivo do ataque teria sido o assassinato do surinamês Wilson Apensa, atribuído ao brasileiro Ailson Aliveira, que está foragido.

Apensa teria sido morto a facadas pelo brasileiro após tentar cobrar uma dívida por sua ajuda no suposto tráfico de brasileiros ilegais para o país vizinho.

O antropólogo, que visita sempre o Suriname, explicou que a Guiana Francesa é um departamento da França da mesma forma que Havaí é um estado da Estados Unidos.

Por isso, disse ele, o país vizinho é um ¿ímã¿ para brasileiros e outros imigrantes da América do Sul e Haiti: ¿ É uma porta de entrada para o continente europeu.

Aparentemente, há pessoas em Albina (Ndyuka) que ganham a vida cobrando taxas pelo contrabando de brasileiros para a Guiana Francesa.

Uma vez na Guiana, mesmo sem documentos, os brasileiros, principalmente do Amapá, Belém e do Nordeste, tentam regularizar a sua residência e ter acesso a empregos, escola e rede de saúde.

Alguns obtêm documentos de residência que podem conduzi-los à França.

Richard definiu Albina mais como um ponto de passagem para vários fins do que um lugar para viver, ¿tornando a violência súbita mais fácil de acontecer¿: ¿ Os brasileiros tendem se fechar em termos de linguagem, igreja, socialização e TV.

Eles não tentam assimilar muito da sociedade surinamesa. Então, existe algum ressentimento contra eles.