Título: Na saúde, carências de Norte a Sul
Autor: D¿Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 16/12/2009, O País, p. 3

Em cerca de um terço dos municípios, SUS não dispõe de unidades com atendimento de urgência SÃO PAULO. O estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou a atuação do poder público na área de saúde, constatou que em 1.867 municípios brasileiros, ou 33,5% do total, não existem unidades para atendimentos de urgência nas instalações do Sistema Único de Saúde (SUS). Proporção semelhante de municípios (33,7%) não possuem locais de internação, e em cerca de 938 cidades as unidades do SUS também não dispõem de equipamentos para diagnóstico e terapia.

Das cidades que não têm atendimento de emergência, 32% estão na Região Sudeste; 29%, na Região Nordeste; e 24,2%, na Região Sul. Minas Gerais é o estado com o maior número de cidades sem esse serviço ¿ 21% do total ¿, seguido do Rio Grande do Sul, com 14% do total de municípios sem unidade de emergência.

Ainda na área de saúde, o Ipea constatou que em 428 cidades a unidade do SUS não tem médicos; e em 2.780 municípios inexistem instalações de vigilância epidemiológica e sanitárias de qualquer ordem.

¿ De maneira geral, quem mais sofre com a ausência do Estado é aquele contingente da população que não tem recursos próprios para utilizar os serviços privados, e depende do setor público. Portanto, é a base da pirâmide social a mais afetada pela baixa presença do Estado ¿ afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, ao comentar os resultados do estudo.

No documento ¿Presença do Estado no Brasil¿, o Ipea analisou também a atuação do Estado nas áreas de educação e cultura. Na educação, por exemplo, descobriu que somente 157 dos 5.564 municípios do país têm estabelecimentos públicos de ensino superior (faculdade ou universidade públicas), o que corresponde a 2,8% das cidades brasileiroas.

Ao todo, há no país apenas 249 instituições públicas de ensino superior.

Em 46 municípios, o Ipea descobriu que não existem escolas públicas de ensino médio, sendo que 16% dessas cidades estão em Minas Gerais, e 12% no Rio Grande do Sul.

¿ A presença do Estado no Brasil é abrangente, tem uma cobertura ampla do ponto de vista populacional, mas nós temos uma série de vulnerabilidades e ausências do Estado, especialmente em áreas tão importantes como a educação média e universitária ¿ advertiu Pochmann, chamando a atenção para o fato de que, se o Brasil pretende ser a quinta economia do mundo nos próximos anos, deve lidar com esses gargalos que o distanciam das sociedades desenvolvidas. (Ronaldo D¿Ercole)