Título: Honduras: Micheletti e Zelaya se recusam a renunciar
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Fonte: O Globo, 16/12/2009, Economia, p. 28

Dirigentes ignoram apelo do presidente eleito, Porfirio Lobo TEGUCIGALPA. Nem o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, nem o interino, Roberto Micheletti, estão dispostos a renunciar ao posto em favor de Porfirio Lobo, eleito para o cargo no pleito do último dia 29, como forma de dar fim à crise no país. A data da posse do novo presidente está marcada para 27 de janeiro, mas o futuro dirigente pedira aos dois que abrissem mão do cargo antes mesmo disso. Num comunicado divulgado ontem, Zelaya afirmou que não renunciará ao mandato que o povo lhe outorgou.

Já Micheletti, que na segundafeira se encontrou com Lobo, declarou que não deixará o posto antes do previsto, ¿ainda que o mundo lhe peça isso¿.

No encontro de anteontem, Lobo apelou a Micheletti que renunciasse.

Mas, em entrevista ontem à emissora de rádio HRN, o presidente em exercício afirmou que não sairá do cargo até que termine seu mandato constitucional ¿ com duração de 28 de junho deste ano, a data do golpe que tirou Zelaya do país, até janeiro de 2010 ¿ e falou da situação do presidente deposto.

¿ Zelaya pode partir como asilado político, mas não a um país da América Central. Isso poderia desencadear um ataque a Honduras, e queremos viver em paz ¿ disse Micheletti. ¿ Poderia ir aos EUA, à Espanha ou a qualquer país sério. E deve entender que já não é presidente.

Agora é um cidadão com contas pendentes na Justiça.

A promotoria do atual governo acusa Zelaya de quatro crimes: atentar contra o sistema democrático do governo, trair a pátria, usurpar funções públicas e abusar de autoridade.

Porfirio Lobo solicitou ontem ao Congresso apoio à anistia tanto de Zelaya e quanto dos envolvidos no golpe. O pedido será analisado nos próximos dias. Lobo também já solicitara ao presidente deposto que desistisse de regressar ao poder. Mas Zelaya, abrigado na embaixada brasileira desde 21 de setembro, disse ontem que continuará ¿defendendo os princípios democráticos e buscando soluções justas que permitam transformar Honduras