Título: Contra vigaristas
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 30/05/2009, Política, p. 6

Durante entrega de obras no complexo de favelas do Alemão, no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado da ministra Dilma Rousseff, voltou a afirmar, ontem, que está impedido de falar em campanha. No entanto, disse que vai eleger seu sucessor. ¿Eu não preciso falar, mas todo mundo sabe que nós vamos ganhar as eleições de 2010. Quando chegar a hora certa, nós vamos para a disputa. E nós temos que ter clareza. Temos que aprender a ver quem é aquele que vai chegar na hora e vai prometer o céu e quem aquele que vocês sabem que está junto de vocês¿, disse.

O público respondeu em coro de ¿Fica, fica, fica (Lula)¿ e ¿Dilma, Dilma, Dilma¿, ao que o presidente se dirigiu à ministra, sua pré-candidata à sucessão, e segurando sua mão, fez com que ela se levantasse para receber os aplausos. Durante seu discurso, a ministra afirmou que o Brasil tinha parado em termos de investimento até o início do governo Lula. ¿Tivemos que nos esforçar muito para volta a fazer (obras)¿, afirmou Dilma que agradeceu ao público presente a solidariedade que recebeu desde que anunciou o início do tratamento contra um câncer linfático.

Mais cedo, na visita a obras no complexo de Manguinhos, ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB), Lula já havia brincado com o público ao afirmar que não é ele quem fala em campanha nos eventos, mas o povo. ¿Espero que a profecia que diz que a voz do povo é a voz de Deus esteja correta nesse momento¿, destacou. O presidente também pediu à população que não vote em ¿candidatos vigaristas¿. ¿Esse país pode ser diferente se a gente aprender a não eleger vigarista, se a gente aprender a eleger pessoas que têm compromisso com o povo¿, afirmou, para completar: ¿(Precisamos de) pessoas que não tenham medo de pegar na mão de um doente, abraçar um pobre, um negro¿.

Durante discurso, Lula voltou a afirmar que a população pobre é prioridade de seu governo e criticou o ¿descaso¿ de muitos de seus antecessores. ¿A coisa mais fácil é a gente governar para os pobres. Porque com pouca coisa a gente faz muito¿, afirmou. O presidente também voltou a expressar o desejo de que as favelas contem com infraestrutura de bairros e superem o estigma de violência e de pobreza. ¿Ainda vivo não quero ouvir a palavra favela. Quero ouvir falar em bairro, cidade, em vila¿, disse Lula.

No último dia 14, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) isentou o presidente e a ministra da acusação da oposição de fazerem campanha antecipada durante o Encontro Nacional de Novos Prefeitos e Prefeitas, realizado em Brasília em 10 e 11 de fevereiro.