Título: Sem descanso para salvar vidas
Autor:
Fonte: O Globo, 15/01/2010, Mundo, p. 26

Bombeiros que trabalharam no deslizamento em Angra embarcam para o Haiti

RIO E BRASÍLIA. Um avião da Força Aérea Brasileira decolou da Base do Galeão, na Ilha do Governador, ontem, levando 30 bombeiros voluntários para Porto Príncipe, capital do Haiti. Metade da equipe de militares, especialista em busca e salvamento, estava participando do resgate às vítimas dos deslizamento em Angra dos Reis. Alguns estavam retornando para casa somente anteontem e, quando souberam da operação, imediatamente aceitaram participar da nova missão.

O Boeing que levou o grupo decolou às 12h20m e fez escala em Brasília, onde embarcaram mais 25 bombeiros. Somente do Rio foram enviadas cerca de 8,5 toneladas de alimentos, água, remédios e equipamentos que serão usados pelos militares. O efetivo que embarcou em Brasília é do 1º Batalhão de Busca e Salvamento do Distrito Federal. O grupo é especializado em salvamentos em "estruturas colapsadas". Alguns fizeram treinamentos no exterior em situações semelhantes à que encontrarão na capital haitiana, como terremotos que atingiram a Cidade do México. Parte desse efetivo trabalhou nas buscas às vítimas do acidente do voo da Gol, que caiu na selva amazônica em setembro de 2006.

De acordo com o comando da operação, eles ficarão 15 dias no Haiti. Desde o réveillon trabalhando em Angra, o comandante do Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Ricardo Loureiro, estava indo para a casa quando foi informado da operação. Ele teve menos de 24 horas para se preparar:

- Estamos trabalhando direito desde o Ano Novo, mas sabemos que pessoas precisam de nós. Isso revigora nosso espírito.

Comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio, o coronel Pedro Machado disse que estão sendo levados equipamentos como geradores de energia, pás, motosserras, furadeiras e um desencarcerador elétrico, que funciona como uma pinça hidráulica para salvamento em escombros:

- Essa é uma missão humanitária. Os bombeiros começam a trabalhar assim que chegarem lá. São todos treinados e um prédio desabado é igual em qualquer lugar do mundo.

Quatro cães farejadores, que estavam em Angra e ajudaram a localizar oito corpos sob lama e escombros, também foram levados para auxiliar as equipes. Mais quatro cães farejadores, que participaram das operações no acidente da Gol, embarcaram em Brasília. Segundo o tenente-coronel Alex Borges, comandante do Grupo de Busca e Resgate com Cães, um cachorro pode fazer o trabalho de até 40 homens:

- O cão direciona o trabalho. Pelo odor, ele indica se tem alguém sob os escombros.