Título: Sobe para 14 número de militares brasileiros mortos
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Fonte: O Globo, 15/01/2010, Mundo, p. 26

Outros quatro estão desaparecidos e 25 ficaram feridos. Tenente-coronel diz que, por problemas de infraestrutura, translado dos corpos para o Brasil deve demorar

CARVALHO ligou para a noiva pouco antes de morrer: angústia

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BRASÍLIA e SÃO PAULO. Subiu para 14 o número de militares do Brasil mortos no Haiti. Outros quatro que trabalhavam em missão oficial de paz ainda estão desaparecidos e 25 ficaram feridos. Dois deles, em estado mais grave, foram encaminhados para a República Dominicana, um terceiro está sendo tratado no Hospital Argentino do Haiti, e o restante - com ferimentos leves - está na sede do Batalhão Brasileiro da missão de paz (Brabatt).

Até o último boletim do Comando Geral do Exército, divulgado na noite de ontem, os mortos eram: o 1º Tenente Bruno Ribeiro Mário, o 2º Sargento Davi Ramos de Lima, o 2º sargento Leonardo de Castro Carvalho, o 3º sargento Rodrigo de Souza Lima, os cabos Douglas Pedrotti Neckel, Ari Dirceu Fernandes Júnior e Washington Luis de Souza Seraphin, os soldados Tiago Anaya Detimermani, Antonio José Anacleto, Felipe Gonçalves Julio, Kleber da Silva Santos e Rodrigo Augusto da Silva, o subtenente Raniel Batista de Camargos e o coronel Emilio Carlos Torres dos Santos.

Entre os desaparecidos, três são lotados em Brasília: o coronel João Eliseu Souza Zanin, o tenente coronel Marcus Vinicius Macedo Cysneiros (do Gabinete do Comandante do Exército) e o major Francisco Adolfo Vianna Martins Filho (do departamento-geral de pessoal). O major Márcio Guimarães Martins tem como base o Comando da Brigada de Infantaria Paraquedista, no Rio.

O coronel João Eliseu Souza Zanin foi, antes de ser transferido para Brasília, comandante do corpo de alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Exército em Campinas. Entre 2006 e 2008, foi responsável pela instrução militar dos cadetes. É casado e tem dois filhos.

Em nota à agência Estado, a esposa do coronel, Cely Zanin, afirmou que espera que o marido e os três oficiais que estavam com ele no momento do terremoto sejam encontrados com vida. "A dor é grande; a angústia, sem fim. Mas ainda tenho fé de que eles serão encontrados com vida e que voltarão para nossas famílias", afirmou no texto.

"Se cuida", disse, um dia antes, mãe de militar morto

Outro desaparecido, o tenente coronel Marcos Vinicius Cysneiros segue a vida acadêmica na capital federal. É doutorando de História da Universidade de Brasília (UnB) e integra o grupo de estudos do Caribe.

O 2º Batalhão de Infantaria Leve de São Vicente, no litoral Sul de São Paulo, vai realizar às 11h de hoje uma missa em homenagem ao cabo Ari Dirceu Fernandes Júnior e ao soldado Kleber da Silva Santos, mortos no Haiti. Segundo o tenente-coronel Carlos Fernando Vilanova, os corpos ainda devem demorar a chegar. Dos 14 militares mortos, 13 eram de batalhões de São Paulo e um de Brasília, o coronel Emílio Carlos Torres dos Santos, do Gabinete do Comando do Exército.

- No Haiti, há problemas de infraestrutura, o que pode dificultar o translado dos corpos - disse Vilanova.

O prefeito Tércio Garcia decretou luto oficial de 3 dias em São Vicente. As bandeiras do 2º Batalhão estão a meio mastro. A homenagem, restrita a famílias e convidados, ocorrerá na Capela Nossa Senhora Aparecida, que fica dentro do batalhão. No 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena, a 190 quilômetros da capital paulista, uma missa está marcada para a semana que vem. Dez militares mortos pertenciam a essa corporação. Eles foram para o Haiti há sete meses e estavam com passagem de volta marcada para esta semana. O grupo, de 150 pessoas, retornaria ao Brasil em oito etapas.

Segundo o tenente Pedro Perez Hoyer, do 2º Batalhão de São Vicente, os dois militares mortos da cidade faziam parte de um grupo de 100 pessoas que foram para o Haiti em junho. Fernandes Júnior, de 23 anos, e Santos, de 22, deveriam voltar ao Brasil no fim de janeiro. Segundo informações de colegas, Júnior e Santos estavam no Palácio Presidencial quando houve o desabamento. Ele faziam parte de um pelotão que participava da segurança do governo local. O 2º Batalhão de Infantaria de São Vicente se ofereceu para cobrir as despesas com o enterro dos dois militares.

Outra vítima, Rodrigo Augusto Silva, de 24 anos, do 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena, se programava para voltar ao Brasil neste fim de semana. Ele era casado e tinha uma filha de 1 ano.

- A última vez que conversei com ele foi segunda-feira e falei "se cuida, meu filho" - disse a mãe do militar, Rosani da Silva