Título: Cinco altas seguidas
Autor: Allan, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 30/05/2009, Economia, p. 18

Índice de Confiança da Indústria registra quinta melhora consecutiva, sobe 6%, mostra que há recuperação no setor, mas ainda está baixo, segundo pesquisa da FGV. Terceiro trimestre será melhor

Mais um indicador aponta para a recuperação da economia no país, ainda que de forma lenta e gradual. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), aumentou 6% de abril para maio, passando de 84,5 pontos para 89,6. Esse foi o quinto mês seguido de alta, mas a medida ainda está abaixo dos 100 pontos, o que mostra uma predominância do pessimismo entre os empresários ¿ o último número acima dessa marca foi 104,4, em outubro de 2008 (veja os gráficos). Mesmo assim, o coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo, acredita que a retomada do nível de atividade industrial será mais forte no terceiro trimestre, com uma expansão se aproximando da média histórica dos últimos 10 anos.

¿A indústria voltará a crescer num ritmo lento, mas próximo da média histórica, que é de 3% ao ano desde 2000¿, disse Campelo. No mesmo período, a média do ICI é de 99,1 pontos. Segundo o relatório da Sondagem da Indústria de Transformação divulgado ontem, os números ¿confirmam a tendência de recuperação gradual do ritmo de atividade industrial após o forte declínio ocorrido no final do ano passado¿. Para o professor da FGV, alguns dos segmentos mais afetados pela crise já estarão se ajustando no terceiro trimestre. O melhor exemplo é o ramo de bens de capital (equipamentos industriais usados na produção), que sofreu muito com a interrupção dos investimentos neste ano.

A confiança dos empresários desse segmento específico cresceu 9,1%. No acumulado no ano, os bens de capital saíram do terreno negativo em que se encontravam até abril. Isoladamente, seu índice sofria uma queda de 5,9% no primeiro quadrimestre do ano ¿ era o único que ainda permanecia encolhendo. De janeiro a maio, o indicador reverteu a trajetória e se elevou em 2,7%. Nada disso, porém, deve impedir que a produção industrial total termine o ano com uma contração. ¿A recuperação será muito lenta, depois da redução forte no fim de 2008. Para chegar ao fim do ano num nível positivo, a indústria teria que crescer em proporções chinesas daqui para frente¿, afirmou Campelo.

Na medição nacional feita pela FGV, as indústrias aumentaram o uso da sua capacidade produtiva de 78,3% em abril para 79,2% em maio, o maior nível desde os 79,9% de dezembro de 2008. Segundo o relatório, o indicador que afere o grau de satisfação dos empresários com o tamanho atual da demanda avançou 13,1%, chegando a 90,6 pontos. O dado sobre o contentamento com a situação presente dos negócios subiu 12,2%, atingindo 86,5 pontos. As perspectivas para os próximos meses são as melhores desde outubro passado. Das 1.075 empresas consultadas, 25,9% previram melhora nos negócios em seis meses e 27,1%, piora. Em abril, esses números haviam sido de 18% e 28,1% respectivamente.

O ICI é formado por dois subíndices. Os dois apresentaram uma desaceleração no ritmo de expansão. O que mede a situação atual (ISA), cresceu 7,6% em maio, após subir 8,8% em abril. O que mede as expectativas (IE), aumentou 4,4% após um avanço de 8,4% no mês anterior