Título: Dólar chega a R$ 1,80, mas fecha em R$ 1,783
Autor: Schreiber, Mariana
Fonte: O Globo, 19/12/2009, Economia, p. 33

Oferta da moeda aumentou depois que cotação atingiu o maior valor desde outubro e puxou a queda. Bolsa cai 0,41%

RIO e NOVA YORK. Depois de subir 2,3% na última quintafeira, o dólar comercial chegou a atingir ontem a cotação de R$ 1,80, pela primeira vez desde 2 de outubro. Novamente, o motivo do pessimismo foi a indicação, na quarta-feira, de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve retirar linhas de crédito a bancos em fevereiro de 2010.

Isso foi interpretado como um primeiro passo para a alta de juros nos EUA, o que reduziria a liquidez do dólar. Mas a moeda acabou cedendo e fechou a R$ 1,783, com queda de 0,45%, depois que, segundo analistas, exportadores entraram com recursos que mantinham no exterior para se beneficiar da cotação mais alta.

¿ Depois de dois dias de valorização do dólar, exportadores aproveitaram a alta da divisa para converter o dinheiro em reais ¿ avaliou o gerente de câmbio do Banco Prosper, Jorge Knauer, que considera que o dólar está sem tendência definida no momento e deve continuar oscilando próximo de R$ 1,75.

Mesmo com a cotação em alta, o Banco Central comprou dólares no mercado à vista por R$ 1,7988 pouco depois de meio-dia. Na semana, a moeda tem alta de 1,48% e de 1,65% no mês. No ano, recua 23,71%.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu pelo quarto pregão seguido. O Ibovespa, principal indicador do mercado brasileiro, perdeu 0,41%, para 66.794 pontos, acumulando desvalorização de 3,57% na semana e de 0,37% no mês. No ano, o índice ainda sobe 77,88%. A Bolsa também foi puxada pelo temor de que o Fed volte a subir os juros nos Estados Unidos, de acordo com Felipe Casotti, economista e gestor de renda variável da Máxima Asset Management, o que deixou os investidores mais conservadores. Mas, para ele, a elevada rentabilidade registrada pela Bovespa no ano abre espaço para movimento de realização de lucros, o que, no jargão do mercado, significa venda de ações para embolsar lucros.

Bolsas americanas fecham em alta Com o terceiro maior volume do dia e a maior queda dentro do Ibovespa, as ações ordinárias da CSN despencaram 5,46%, a R$ 55,41. A companhia lançou uma oferta direta para comprar 100% do capital da portuguesa Cimpor, do setor de cimentos.

O valor do negócio é de C 5,66 bilhões.

Em Wall Street, as bolsas fecharam em alta. O índice industrial Dow Jones subiu 0,20%, enquanto o Nasdaq avançou 1,45% e o S&P500, 0,58%. As bolsas de valores da Europa fecharam em baixa, com os bancos registrando perdas devido a preocupações sobre as rígidas regulações do Comitê da Basileia e com as ações das petrolíferas recuando em meio à volatilidade do petróleo. A Bolsa de Londres, teve desvalorização de 0,40%; a de Frankfurt perdeu 0,23%; e a de Paris recuou 0,95%.

O Banco do Japão informou ontem, após manter a taxa básica de juro em 0,10% ao ano, que não irá tolerar a deflação.

¿Acreditamos ser uma tarefa muito importante para nós tirar o Japão da deflação e colocar a economia de volta em um crescimento sustentável com estabilidade de preços¿, disse o banco central em comunicado.

A manutenção do juro foi unânime e ficou em linha com a previsão de analistas.

Em Tóquio, o índice Nikkei 225 fechou em baixa de 0,21%. O Hang Seng, de Hong Kong, recuou 0,80%.