Título: Brasil tenta convencer paraguaios a aprovarem Venezuela no Mercosul
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 19/12/2009, Economia, p. 35

Missão de parlamentares irá ao país vizinho defender adesão

BRASÍLIA. Diante da forte resistência do Congresso paraguaio em votar ¿ e aprovar ¿ o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul, senadores e deputados brasileiros da base governista tentarão sensibilizar seus colegas, sob o argumento de que o Paraguai é o único país do bloco que ainda não deu o aval ao novo membro. Integrante do Parlamento do Mercosul (Parlasul), o senador Geral do Mesquita (PMDB-AC) já começa a articular a ida de uma missão de parlamentares ao Congresso do país vizinho.

¿ Temos mantido contatos informais ¿ afirmou Mesquita.

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), disse que um importante ator nesse processo é o atual chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, que até pouco tempo atrás era senador e tem trabalhado com afinco pela aprovação.

No Parlasul, do qual Mercadante também é membro, serão realizadas audiências públicas, que terão, inclusive, a presença da oposição venezuelana e do prefeito de Caracas, António Ledezma.

São pessoas que já declararam que não gostariam de ver seu país isolado na região, a despeito de serem críticos de Chávez.

¿ O Parlasul pode ajudar nessa aproximação ¿ disse Mercadante.

¿ Estamos tratando da Venezuela, não do presidente Hugo Chávez. O Brasil compreendeu que era muito mais adequado aprovar a Venezuela.

O Mercosul precisa ter uma visão responsável, precisa agir em nome da integração ¿ defendeu o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES).

Na avaliação do deputado José Paulo Toffano (PV-SP), presidente da representação brasileira no Parlasul, o Congresso paraguaio acabará não colocando tantas dificuldades como aparenta.

Lugo tirou projeto de pauta temendo derrota Ele informou que, na segunda quinzena de fevereiro, haverá uma sessão em Brasília do Parlasul ¿ que tem sede em Montevidéu ¿, na qual estarão presentes parlamentares paraguaios.

¿ Esse encontro também será uma grande oportunidade para conversarmos. É preciso levar em conta que o isolacionismo não contribui e que o povo paraguaio sequer é eleitor de Chávez. Não acredito que haverá muita resistência ¿ disse Toffano.

A situação no Paraguai é complicada. Os parlamentares daquele país não se animaram nem mesmo quando o Senado brasileiro aprovou, após uma difícil batalha entre governo e oposição, o protocolo de adesão, na última terça-feira.

O problema é que o presidente Fernando Lugo não tem maioria no Congresso paraguaio. Convicto de que a adesão dos venezuelanos não passaria, Lugo chegou a retirar o texto da pauta. Com os apelos, não apenas de parlamentares brasileiros, mas também argentinos e uruguaios, a expectativa é que o Legislativo paraguaio dê sinal verde, ainda no início de 2010, para o novo integrante do bloco sul-americano