Título: Os protagonistas da conferência
Autor: Gois, Chico de ; Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 19/12/2009, Ciencia, p. 40

LULA: O esforço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para salvar as negociações foi considerado crucial.

Ontem, Lula e os líderes dos outros grandes emergentes do Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) reuniu-se com o presidente americano Barack Obama. Na quinta-feira, junto com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, Lula organizou a reunião de emergência entre 25 países ricos e grandes emergentes que tentou costurar um acordo. Seu papel foi tão importante que, apesar de já haver discursado na quinta-feira, Lula foi convidado para novo pronunciamento ontem pela ONU, que foi o mais aplaudido entre as falas dos líderes mundiais reunidos em Copenhague.

OBAMA: O presidente americano Barack Obama não fez bonito em Copenhague.

Depois de ter assistido, na capital dinamarquesa, a derrota da candidatura de Chicago para sede das Olimpíadas de 2016, sua ida a Copenhague para a Conferência do Clima também foi marcada pela frustração.

Circularam rumores de que Obama poderia cancelar sua participação na cúpula e, quando o presidente chegou, fez um discurso morno na manhã de ontem. Os EUA avançaram pouco em seus compromissos e, apesar de um esforço final no encontro com o Basic, não conseguiram que a cúpula terminasse com um acordo ambicioso.

WEN JIABAO: O discreto primeiroministro chinês também fez poucas concessões e manteve a China como alvo preferencial das críticas dos americanos. A China e os EUA são os maiores emissores de gases do efeito estufa.

TUVALU: O minúsculo arquipélago do Pacífico foi o grande destaque da primeira semana da conferência.

Seus representantes paralisaram as negociações ao exigir compromissos para evitar um aquecimento superior a 1,5 grau do planeta ¿ algo virtualmente impossível nas projeções dos cientistas, mas que salvaria o país de submergir pela elevação do nível do mar.

LUMUMBA STANISLAU: O sudanês Lumumba Stanislau DiAping, líder do G-77 (grupo que reúne países em desenvolvimento) não poupou críticas aos países ricos.

Acusou a presidência dinamarquesa da conferência de usar ¿métodos não democráticos¿ para levar adiante os interesses dos países ricos, disse que a União Europeia estava ¿se escondendo por trás dos EUA com a estratégia de matar o Protocolo de Kioto¿ e foi categórico em afirmar que não haveria acordo se não houvesse financiamento, pelos países ricos, para os países pobres lidarem com as mudanças climáticas.

l ONGS: A sociedade civil organizada nunca marcou presença de forma tão intensa em reuniões sobre o clima. ONGs protestaram dentro e fora do Bella Center, pedindo metas mais ambiciosas de todos. As manifestações de rua chegaram a reunir cem mil pessoas nas ruas de Copenhague, e a polícia dinamarquesa foi acusada de truculência.