Título: Desonerações podem continuar em 2010, diz
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Fonte: O Globo, 22/12/2009, O País, p. 8

Lula afirma, porém, que vai depender da arrecadação; e acrescenta que não cogita aumentar meta de superávit BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou ontem, no café da manhã com jornalistas, que se a economia permanecer crescendo de forma acelerada em 2010, poderá tornar permanentes reduções de impostos promovidas este ano. As desonerações beneficiaram itens como geladeira, automóveis, material de construção e móveis. Otimista, Lula disse confiar no desempenho da economia no ano em que pretende ver a ministra Dilma Rousseff eleita sua sucessora: ¿ Todos vocês brasileiros terão um ano estupendo ¿ exaltou o presidente.

Para ele, seu apelo por consumo, no auge da crise, em dezembro de 2008, cederá lugar a partir desta noite (quando fará pronunciamento à nação) a um novo mantra: ¿ Agora é hora do investimento.

A seguir, os principais pontos da entrevista em que o presidente falou sobre economia: PRÉ-SAL: Estou convicto de que o pré-sal vai ser aprovado nos moldes do acordo dos governadores com as lideranças.

A proposta atual é boa, atende todo mundo. Vai votar na Câmara aquilo que interessa ao governo federal, mas não ao governo Lula, à federação. Se falar de veto (de propostas como a emenda Ibsen, que muda totalmente a distribuição da renda do petróleo, prejudicando o Rio), posso atrapalhar.

Teoricamente o presidente pode tudo, mas esperamos votar algo que não precise de veto do presidente.

CONTAS PÚBLICAS E PIB: Se você tem capacidade de endividamento, precisa utilizálo.

A dívida pública foi bem controlada, e a perspectiva de crescimento da economia é a melhor possível. Não vou chutar número. A economia vai crescer de forma vigorosa. Todos vocês brasileiros terão um ano estupendo. Não faremos arrocho salarial. Os funcionários públicos de alto escalão estavam porcamente remunerados.

A máquina pública estava totalmente desmontada e atrofiada. Vamos contratar mais professor, mais médico, para melhorar.

INFLAÇÃO: Para mim, a inflação é uma coisa preciosa, convivi com 80% ao mês. O controle da inflação é uma política da qual não abdicaremos.

SUPERÁVIT FISCAL: Não existe necessidade de aumentarmos a meta de superávit primário. Hoje todo mundo sabe o que o governo é capaz de fazer. Na crise econômica, ninguém jamais propôs aumento de superávit.

DESONERAÇÕES: Mantega (Guido Mantega, ministro da Fazenda) fez reuniões com ministros na câmara empresarial, e eles analisaram o que precisava de desoneração. Espero que não que precise de novas desonerações em 2010. As alíquotas continuam dependendo do resultado da economia.

Se o Estado começar a arrecadar mais, algumas podem continuar, outras, não.

CONSUMO: No dia 22 (de dezembro de 2008) eu fui para a televisão, contrariando muitas coisas que estavam acontecendo no Brasil, pedir para o povo consumir. Este ano eu fiz um pronunciamento, que vai ao ar na terça-feira (hoje), mostrando ao povo que agora é hora do investimento. E fui mostrar o que nós estamos fazendo para garantir que 2010 seja um ano melhor do que foi 2009, 2008, 2007. E trabalhar.

No ano que vem eu tenho muito mais trabalho do que eu tive este ano. E, certamente, quem vier depois de mim vai ter que trabalhar muito mais, porque o Brasil, depois de mais de 20 anos de paralisia, redescobriu o gosto de trabalhar, de ter obras públicas, de ter investimentos públicos