Título: Tucanos divididos entre Serra e Dilma
Autor: Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 14/01/2010, O País, p. 8

PSDB de Alagoas se diz leal a governador de SP, mas apoia aliados do PT

MACEIÓ. Sem a verticalização, o PSDB de Alagoas aposta em uma aliança branca para abrir as portas do governo Teotonio Vilela Filho (PSDB) e receber partidos da base da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os tucanos pedem votos para o governador de São Paulo e presidenciável José Serra (PSDB), mas, no palanque, a ordem é aceitar dividir espaço com os pró-Dilma. Tudo para reeleger o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Alagoas foi o único estado em que Serra foi o primeiro colocado na disputa presidencial de 2002.

- Digamos que na aliança tenha algum partido que vai votar na candidata do atual presidente, então ele vai lá para o palanque do presidente Lula. Ninguém será enquadrado - disse o ouvidor-geral do Estado, Claudionor Araújo, um dos articuladores da campanha de Vilela, fiel seguidor da cartilha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Dependência federal ajuda a explicar flexibilidade

A dependência alagoana em relação aos cofres federais pode ajudar a explicar a flexibilidade dos tucanos. Há duas semanas, foram aprovados dois empréstimos, cujo avalista é o governo federal, que virão do Banco Mundial e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), no valor de R$500 milhões. O argumento do governo do estado é que os empréstimos ajudam a oxigenar a máquina pública, para ela arrecadar mais.

A dificuldade do PSDB alagoano é se coligar com o PMDB, do líder do partido no Senado, Renan Calheiros. Por ordem de Renan, a legenda deixou o governo Vilela em 2007, depois que o chefe do Executivo demitiu pemedebistas indiciados pela Polícia Federal na Operação Navalha, fraude envolvendo a construtora Gautama, do empresário Zuleido Veras.

Mas o vice-governador, José Wanderley Neto, é do PMDB, e não vai votar em nenhum dos apoios do PT no estado.

- Meu voto é do governador para a reeleição - disse o vice-governador.

- Não teremos dificuldade com isso, porque faz parte da democracia. Pode haver aliança branca como já houve em outras eleições - explicou Claudionor Araújo.

* Especial para O GLOBO