Título: PF faz buscas em endereços ligados a Arruda
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 23/12/2009, O País, p. 8

Documentos e computadores são recolhidos em escritório político do governador, ONG da primeira-dama e secretaria

BRASÍLIA. A Polícia Federal cumpriu anteontem cinco novos mandados de busca e apreensão na Operação Caixa de Pandora, que investiga o mensalão do DEM no Distrito Federal.

Entre os alvos está o Instituto Fraterna, ONG presidida por Flávia Péres Arruda, mulher do governador José Roberto Arruda (ex-DEM). Houve buscas no escritório político de Arruda e na sede da Secretaria de Educação.

Na ONG da primeira-dama, os policiais apreenderam computadores e documentos. Segundo Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Arruda teria determinado o uso de 10% do dinheiro arrecadado ilegalmente para bancar despesas do instituto.

Policiais encontram contratos de empresas suspeitas Também houve apreensão de computadores na Associação dos Amigos de Arruda, escritório político do governador na Asa Sul de Brasília. Na Secretaria de Educação, policiais recolheram contratos e atas de licitações com empresas suspeitas de envolvimento no esquema.

A PF fez buscas na casa de Gibrail Gebrim, ex-assessor da pasta, e na agência de turismo onde trabalha a mulher dele, Evelyne Gebrim.

As novas buscas foram pedidas pela subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, que acompanha o caso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O relator do inquérito, ministro Fernando Gonçalves, autorizou as ações na última sexta-feira. A assessoria de Arruda confirmou a realização das buscas, mas voltou a negar as denúncias contra o governador.

Depoimento prestado por Durval Barbosa no último dia 2 revela fortes semelhanças entre as denúncias contra Arruda e o suposto esquema que teria beneficiado seu antecessor no cargo, o ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Segundo Durval, a gestão de Roriz usou contratos sem licitação com empresas de informática para financiar campanhas eleitorais em 2002. Ele citou firmas que também aparecem no escândalo atual, como a Adler e a Linknet.

Durval dirigiu a Companhia de Planejamento (Codeplan) na gestão de Roriz. Ele indicou que o dinheiro usado nas campanhas saía dos cofres do órgão e passava pelo Instituto Candango de Solidariedade (ICS), antes de chegar às empresas.

Arruda, então aliado de Roriz, seria um dos políticos beneficiados pelo esquema.

Em 2002, ele se elegeu deputado federal pelo PSDB, em aliança com o ex-governador.

Durval diz que Arruda mandou queimar documentos ¿Em 2002, o ICS trabalhou para a campanha eleitoral de Joaquim Roriz e de todo o grupo político, inclusive para Arruda¿, disse Durval Barbosa.

Ele ainda afirmou que Arruda mandou queimar os documentos do ICS que poderiam incriminálo assim que assumiu o governo, em 2007.

A assessoria de Roriz nega as acusações e diz que as denúncias foram arquivadas. O MP pediu a cassação do ex-governador, acusado de desviar R$ 28 milhões para sua candidatura, mas o Tribunal Superior Eleitoral o absolveu por falta de provas. Ele também foi denunciado no STJ por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. O caso foi remetido ao STF em 2006, quando Roriz se elegeu senador, e teria sido arquivado na primeira instância