Título: Não é verdade que Eduardo Cunha manda no PMDB, diz Michel Temer
Autor: Temer, Michel
Fonte: O Globo, 23/12/2009, O País, p. 10
O que o senhor não aceita, até porque isso já é compromisso assinado, é o PMDB ser rifado da condição de vice? TEMER: Aí não dá. Aí não dá porque já há um pré-compromisso que não é apenas verbal, é escrito. Portanto, esse précompromisso, para se converter em compromisso, demanda o PMDB na chapa que vai disputar as eleições.
Se, por exemplo, Ciro Gomes ou outro político de um partido diferente, for escolhido, o PMDB não participa da aliança com o PT? TEMER: Eu não quero dar uma resposta definitiva, mas acho que posso dar uma intermediária: fica mais difícil a aliança.
Não tenho dúvida disso. Verifico com todos os companheiros do PMDB que haveria maior dificuldade.
Pode ser que a candidata, ou o PT, se decida por outra candidatura.
Aliás, o candidato Ciro Gomes vive desprezando a presença do PMDB, certa e seguramente, para tentar ser vice. O que é uma aspiração legítima, não tenho nenhuma objeção em relação a essa aspiração. O que faço é uma ponderação política.
É claro que ficará mais difícil a aliança se o PMDB não puder indicar o vice, seja ele quem seja.
Só o fato de o senhor estar aqui explicando, dizendo ¿não quero ser vice, mas estão fazendo isso...¿, não mostra que, no momento, a relação PMDB e governo, se não está trincada, pelo menos está um pouco agastada? Não tem alguma coisa trincada na relação do PMDB com o governo? TEMER: Tem gente querendo trincar a relação. Não tenho dúvida disso. Há setores até que desejam essa trinca. Mas nós que somos as lideranças deveremos ser cautelosos nisso tudo.
As lideranças, tanto do PT quanto do PMDB, hão de tomar todo o cuidado para impedir essa cisão que, muitas vezes, as pessoas querem fazer. Estou de acordo com sua pergunta.
Qual a sua relação com o deputado Eduardo Cunha? Hoje, diz-se no Congresso que Eduardo Cunha manda no PMDB e, particularmente, que ele exerce uma força muito grande sobre o senhor e sobre o líder Henrique Eduardo Alves. Que relação é essa que o senhor tem com Eduardo Cunha? TEMER: É absolutamente inverídica.
A relação que existe é de amizade e institucional. Ele é deputado, e reconheço que é um deputado muito trabalhador, muito atuante, que age e trabalha bastante, mas não tenho relação além dessa. Volto a dizer: de amizade e de relação institucional como tenho com mais 511 deputados da Câmara. Não há relação de comando, de mando, como se costuma dizer; ao contrário, se eu disser alguma coisa em relação ao PMDB, a tendência é que ele venha seguir, se o Henrique disser alguma coisa, a tendência é que ele e todos os demais venham a seguir.
Não há nenhuma relação de dependência