Título: BC: banco privado voltará a emprestar
Autor:
Fonte: O Globo, 23/12/2009, Economia, p. 28

Em 2010, estimativa é de que crédito bata recorde, indo a 48% do PIB Patrícia Duarte

BRASÍLIA. Os bancos privados, diferentemente do que ocorreu em 2009, vão puxar o mercado de crédito brasileiro no próximo ano. A avaliação é do Banco Central (BC), que estima ainda uma expansão de 16% no volume de empréstimos totais feitos neste ano, acelerando o ritmo para 20% em 2010.

De acordo com o diretor de Politica Monetária do BC, Mário Mesquita, ¿é natural¿ que as instituições privadas voltem a emprestar mais neste momento, depois da crise internacional, que entrou na sua fase mais aguda em setembro de 2008 e praticamente secou as fontes de financiamento nos mercados por meses.

Para enfrentar o problema na ocasião, o governo ordenou que as instituições públicas ¿ Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ¿ garantissem os créditos ao longo deste ano.

Não por menos, segundo Mesquita, em 2009 as carteiras de crédito dos estatais vão crescer 29,2%, desacelerando para 17,1% em 2010. Já nos bancos privados nacionais, os avanços serão de 10,6% e 20,4%, respectivamente.

Hoje, o mercado de crédito no país está concentrado nesses dois nichos, com cerca de 40% cada. Os bancos privados estrangeiros ficam com o restante.

¿ É natural que, na medida em que esses bancos (privados) sintam-se mais confortáveis com a situação da economia, busquem recapturar fatias de mercado conquistadas pelos bancos públicos ao longo da crise ¿ afirmou o diretor, ao divulgar o Relatório Trimestral de Inflação do BC.

Com esse desempenho, a relação crédito/Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) fechará este ano a 45,3%, frente aos 41,8% de 2008. Para 2010, essa relação, segundo o BC, vai a 48%, reforçando ainda mais o recorde histórico.

Além do crédito mais abundante, o BC também prevê que a massa salarial do trabalhador brasileiro terá um crescimento vigoroso daqui para frente. Em 2009, o avanço deve ser de 5,4%, subindo para 7,6% no ano seguinte. O número inclui Bolsa Família e aposentadorias. Sobre desemprego, o BC calcula que a taxa fechará este ano a 8,1% e, 2010, a 7,8%.